Golpe de Temer contra o SUS mobiliza movimento em defesa da Saúde
O descaso do novo ministro da saúde, Ricardo Barros (PP-PR), com os milhões de brasileiros atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) inflamou movimentos em defesa da saúde pública reunidos nesta quarta-feira (18) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Haverá mobilização nacional para denunciar o golpe contra o sistema, o que significa acabar com a assistência à saúde gratuita oferecida a todos os brasileiros, especialmente aos mais pobres
Por Railídia Carvalho .
Publicado 18/05/2016 19:29
“Rever o tamanho do SUS”, “Repactuar as obrigações do Estado”, “não podemos garantir esses direitos através do Estado”. As declarações dadas nesta terça-feira (17) pelo ministro de Temer revelam a intenção de aniquilar conquistas de 30 anos. Considerando que o maior problema do SUS é o subfinanciamento, cortar os poucos recursos é decretar o fim do sistema.
As palavras de Ricardo Barros fizeram dele inimigo número 1 dos defensores do direito à saúde universal, gratuita, integral, com igualdade, pública e com controle social. Pressionado, ele tentou corrigir as declarações, sem eco nos movimentos, que crescem em focos instantâneos de revolta, em amplos setores, a cada ação dizimadora do governo golpista.
Nesta quinta-feira (19) os movimentos devem se manifestar durante encontro no centro de exposições Center Norte, em São Paulo, em que está prevista a presença do ministro. O Senado Federal convocou Barros para dar esclarecimentos naquela casa sobre as declarações relacionadas ao SUS. Nesta quarta-feira (18), o ministro cancelou participação em audiência na Câmara dos Deputados. Na ocasião, movimentos sociais protestavam contra os planos da pasta para o SUS.
Ataque à constituição de 88
“Não me surpreendeu (declarações de Barros). Assustou. Assim tão rápido. É a ruptura de várias questões contratadas em 88. Não é só o mandato rompido de um presidente da república. É também o esfacelamento da constituição de 88”, declarou Ronaldo Ferreira dos Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
Ele participou do ato na Alesp que foi uma iniciativa conjunta do CNS, Fórum Suprapartidário em Defesa do SUS e da Seguridade Social, Plenárias Municipal e Estadual de Saúde (SP) e Conselhos Municipal e Estadual de Saúde (SP).
Diálogo com o povo
Na opinião de Ronald, a mobilização e a capacidade política do movimento social dialogar com o povo é que fortalecerá a defesa do SUS. “Precisamos falar com o povo nos diferentes espaços. Vai ser uma oportunidade ímpar de dialogar com o povo a partir da realidade concreta dele que é a assistência social, a saúde e previdência”, defendeu o dirigente.
Estender a luta para o povo é fundamental para o conselheiro de saúde da cidade de São Paulo, Francisco Freitas. Recém-eleito coordenador da comissão política de saúde do conselho da capital paulista, ele lembrou que o movimento para desmoralizar o SUS e depois desmantelar vai crescer.
“Há um movimento que já vinha e que busca a privatização da saúde. É preciso estender a luta para o povo nos bairros, sindicatos, feiras. É preciso também fazer com que os movimentos sociais se unifiquem para combater essa política nefasta”, defendeu Freitas.
Ministro dos planos de saúde
Ricardo Barros é velho conhecido dos planos de saúde, que financiaram as campanhas dele para deputado. Não é de se estranhar, portanto, as declarações do ministro. “Quanto mais gente puder ter planos, melhor, porque vai ter atendimento patrocinado por eles mesmos, o que alivia o custo do governo em sustentar essa questão”, disse o ministro.
Para a conselheira de saúde e dirigente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ana Rosa, as declarações do ministro são uma resposta à perda dos contratos pelas operadoras de planos de saúde em 2016, quando 600 mil pessoas deixaram os planos de saúde.
“O SUS é o plano de saúde de todo brasileiro e estrangeiro que esteja no Brasil. Temos que ir às ruas protestar e trazer a força do povo e dos trabalhadores para evitar retrocessos”, enfatizou.