Tenho procurado uma palavra que expresse o sentimento que me atormenta nos últimos tempos diante do pesadelo que o país atravessa: uma pandemia que coloca em risco a própria vida, simultânea ao desgoverno político e a uma crise econômica sem precedentes.
Dentre as muitas razões para celebrar o cinquentenário de 1968 – “o ano que não terminou”, na feliz expressão de Zuenir Ventura – certamente está a conclusão dos manuscritos do livro Pedagogia do Oprimido que Paulo Freire escreveu no exílio chileno e que viria a ser publicado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1970, e só quatro anos depois no Brasil.
Uma das características da grave crise política que o país atravessa tem sido a questionável relação estabelecida entre os responsáveis pela operação Lava Jato e os meios de comunicação.
Por que a maioria dos brasileiros acredita que um único partido político é responsável pela corrupção? Por que defendem a volta dos militares?
O sempre interessante Boletim UFMG que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio [Ano 41, nº 1.902], sobre trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento” que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
Cinco meses se passaram desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2014. Os votos foram apurados, o Tribunal Superior Eleitoral declarou um vencedor que tomou posse e assumiu o poder em 1º de janeiro de 2015. Apesar de tudo isso, a sensação que se tem ao se ler, ouvir ou assistir ao noticiário político dominante nos oligopólios privados de mídia é de que permanecemos em campanha eleitoral, estamos às vésperas de um “terceiro turno”.
Em outubro de 1993, apenas quatro meses após a aprovação da Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF), o deputado distrital Wasny de Roure apresentou o projeto de lei 1110/93 à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) propondo a criação do Conselho de Comunicação Social (CCS-DF) previsto em seu artigo 261 para “assessorar o Poder Executivo na formulação e acompanhamento da política regional de comunicação”.
Texto preparado para apresentação no ciclo de debates “A Multiplicidade de Stuart Hall” realizado pelo Centro de Pesquisa e Formação, SESC São Paulo, em 6 de fevereiro de 2015, título original “O Stuart Hall ‘esquecido’: estudos de mídia no Brasil”. O A. agradece às professoras Sylvia Moretzsohn (UFF) e Ana Paola Amorim (FUMEC/BH) e ao professor Juarez Guimarães (UFMG) pelos comentários e sugestões, e a Zildete Melo pela leitura vigilante em relação à correção gramatical do texto.
Constituição, Artigo. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. 5º – Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
Considerada a cobertura diária da grande mídia, chega-se ao fim de 2014 com a sensação de ser este mais um ano que não termina.
A aprovação pela Câmara dos Deputados do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1491/14, de autoria dos deputados Mendonça Filho e Ronaldo Caiado, ambos do DEM, anulando o decreto nº 8.243 de 23 de maio, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS), dois dias após o segundo turno das eleições presidenciais, constitui um fato político que não pode ser menosprezado.