Em meados da década de 1930, o Brasil atravessava uma conjuntura política de radicalização das posições ideológicas. Parcelas da população dirigiam-se politicamente para a esquerda, na Aliança Nacional Libertadora (ANL), ou para a direita, na Ação Integralista Brasileira (AIB), enquanto que o Governo de Getúlio Vargas e seus aliados estavam em luta pela aprovação da Lei de Segurança Nacional (LSN).
A dialética da negatividade não se resolve no processo de interpretação, mas no de transformação do real (Otávio Ianni).
A historiografia brasileira atual, e hegemônica, teima em não partir das transformações estruturais decorrentes do processo de nossa formação econômico-social.
Apesara da derrota das “Diretas Já’, o maior movimento de massas desde o Golpe Civil-Militar de 1964 no Brasil, a mobilização nas ruas foi um prenúncio para a eleição indireta para a Presidência de Tancredo Neves e de José Sarney (ex-líder no Congresso do PDS, embrionário da Aliança Renovadora Nacional, a ARENA, e articulador do Golpe que depôs Jango) no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, ocasião em que o candidato da Ditadura, Paulo Maluf, foi derrotado por 480 x 180 votos.
A existência de dois turnos nas eleições é um mecanismo da democracia representativa no capitalismo para que possamos escolher aquele que reúne as melhores condições políticas, de acordo com o rumo que queremos para determinado país.
A “substituição de importações”, o crescimento econômico sustentado pela ação estatal com distribuição de renda, a ampliação e a consolidação de direitos trabalhistas e sociais, tudo isto aparece na História como uma “doação” de Getúlio Vargas.
Como desdobramento das Jornadas de Junho de 2013, o Movimento Sindical Brasileiro organizou o Dia Nacional de Lutas, uma verdadeira greve geral, acontecida em 11 de julho de 2013 (a última na formação social brasileira havia sido em 14 e 15 de março de 1989, contra o governo de José Sarney), quando as centrais sindicais (CUT, CTB, Força Sindical, Conlutas, UGT, CSB e CGTB )e dezenas de movimentos sociais.
Em 2006, escrevi neste mesmo espaço, no artigo “Uma Leitura Sócio-Cultural do Futebol” que “alienação, poder político e interesses mercadológicos são sinônimos de futebol”, pois sabíamos “sobre o tricampeonato, na Copa do Mundo de 1970, utilizado pela Ditadura Civil-Militar como propaganda de um País que ‘ia pra frente’, como já fora utilizado por Vargas como símbolo da unidade nacional durante o Estado Novo”. [1]
A mudança da “distensão’ de Geisel para a “abertura” de Figueiredo, que tomará posse em 15 de março de 1979, não foi resultado de doações democráticas da Ditadura. Pelo contrário: foi desdobramento da resistência e da luta pelo retorno da democracia, resultando, num primeiro momento, no decreto que pôs fim ao bipartidarismo, ainda que a Ditadura tenha impedido a legalidade dos partidos comunistas, como o PCdoB.
Nestes 50 Anos do Golpe de 1964, fora a rememoração episódica de centenas de fatos, sempre incompletos devido ainda a falta de abertura de muitos arquivos bem como sobre a omissão de tantos outros, sobretudo feita por variados setores da chamada grande imprensa.
Em 1934, mesmo que tenha encaminhado a eleição indireta de Getúlio Vargas à Presidência da República, a Constituição promulgada naquele ano estabeleceu o que se tem chamado do “Estado Democrático de Direito”.
A mudança da “distensão’ de Geisel para a “abertura” de Figueiredo, que tomará posse em 15 de março de 1979, não resultará em doações democráticas do Ditadura. Pelo contrário: a pressão do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) e das centenas de comitês pelo Brasil afora, além dos comitês de exilados, é que levará ao decreto da Anistia, em 28 de agosto de 1979.