O aumento do desemprego é uma exigência neoliberal

A taxa de desemprego no “governo” Temer saltou de 8,9 para 11,8% entre o terceiro trimestre de 2015 e 2016, revelando um agravamento da situação. Em 2014, apesar do clima de instabilidade que a direita fomentava, esse índice era da ordem de 6%.

Hoje, uma multidão de aproximadamente 12 milhões de pessoas está desempregada no Brasil.

Mas o que precisa ser enfatizado é que não há nenhum compromisso prático e muito menos teórico por parte do “governo” Temer para reverter esse quadro.

Ao contrário. Todas as medidas adotadas pela sua equipe servem exatamente para estimular e aprofundar a recessão econômica e, consequentemente, agravar a situação do emprego no país.

E, do ponto de vista teórico, uma taxa de desemprego elevada é um dos objetivos centrais da política neoliberal, aplicada na era FHC (PSDB), e que ele pretende voltar a aplicar no Brasil.

Quem conhece minimamente essa teoria, especialmente a obra “Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek, sabe que a ampliação do exército de reserva – termo acadêmico pomposo para definir desempregado – é uma das recomendações centrais de Hayek e de sua “confraria” de Mont Pelerin.

Essa confraria se caracterizava pelo mais odioso combate a tudo que indicasse ideias progressistas e direitos sociais e trabalhistas. Dentre seus fundadores estão, além do próprio Hayek, Frank Knight, Bertrand de Jouvenel, Karl Popper, Ludwig von Mises, George Stigler e Milton Friedman, provavelmente o mais conhecido de todos eles nas Américas.

O aumento da taxa de desemprego, segundo a teoria neoliberal, é fundamental para reduzir a capacidade de pressão dos trabalhadores contra os patrões, tanto no que diz respeito a reivindicações de aumento salarial e direitos sociais, quanto para dificultar greves e movimentos paredistas.

Além da elevação da taxa de desemprego, a confraria neoliberal sustentava, ainda, que se deveria ser absolutamente intransigente contra todo e qualquer movimento reivindicatório ou paredista. Ou seja, além de não atender as reivindicações, reprimir e tomar todas as medidas necessárias para impedir que tais movimentos se alastrassem.

Não por acaso, o STF acaba de decidir que trabalhadores em greve devem ter o ponto cortado e consequentemente os vencimentos suprimidos. Precisa dizer mais? Creio que não.

A tendência, portanto, é de agravamento dessa situação.

Não é necessário muito conhecimento de economia política para concluir que ao patrão interessa sempre pagar menos e que o trabalhador sempre terá o desejo de ter mais. A isso se chama conflito distributivo de renda. Se há escassez de mão de obra o trabalhador aumenta consideravelmente a sua importância e a sua capacidade de reivindicação. E o inverso é absolutamente verdadeiro.

Eis a lógica da teoria neoliberal e a razão pela qual essa monstruosa taxa de desemprego, que priva 12 milhões de brasileiros (as) de trabalho e renda, não é lamentada, mas sim comemorada, pelo “governo” Temer e seus apoiadores.

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