Mostra do cinema chinês atual
Os filmes da 7ª mostra de cinema chinês e o álbum “Recanto”, de Gal Costa
Publicado 21/11/2022 08:01
Com produção do Instituto Confúcio e do Centro Cultural São Paulo, está no ar a 7ª Mostra de Cinema Chinês até o dia 30 deste mês. Agora estão acontecendo as exibições dos filmes na internet, mas os mesmos filmes já passaram em cinemas da capital paulista. Certo que é uma forma de divulgação da cultura chinesa, e em troca também são divulgados aspectos da cultura brasileira lá na China.
A divulgação dos filmes dessa forma, em sala de cinema e depois na internet, me parece que mostra a melhor forma hoje de divulgação do cinema. Atende assim a um público bem mais amplo.
Como os filmes apresentados pela Mostra chinesa têm uma característica de muita fala, para mim é difícil acompanhá-los, isso porque a única expressão que me lembro do mandarim é ‘Gan bei’, que serve para saudar alguém quando num encontro com bebida.
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Dos filmes que estão sendo exibidos na internet – pode ser através do Centro Cultural São Paulo ou do Instituto Confúcio – tiramos a impressão de que o cinema chinês já ganhou uma dimensão de indústria cinematográfica. Porém os filmes conseguem ter uma estrutura bem diferente do que acontece com Hollywood, no sentido do arcabouço cultural. Hollywood mostra e quer mesmo que seus filmes sejam grandes fatores de diversão. E nos filmes chineses encontramos mais uma dimensão, onde o grande interesse de cada filme é de certa forma uma dimensão cultural. Aliás, não se pode dizer que os filmes hollywoodianos não sejam cultura. A questão principal é que o nível da própria cultura dos Estados Unidos tem sua característica de buscar sempre o maior público, como nenhum outro cinema, pelo menos do que eu conheço. Pelo que parece, o cinema da Índia tem uma aparência de busca de sempre grande público. E podemos dizer que o Brasil já conseguiu fazer isso quando a grande produção aqui era de chanchada. Apesar de tomarem conhecimento disso, os cineastas brasileiros nunca conseguiram voltar a esse tipo de produção.
“Tive a lua nas mãos” é um dos filmes que está fazendo parte da Mostra chinesa. A direção desse filme é de Cheng Tsun-shing, que o lançou em 2017. É um documentário sobre a Poesia com questões sobre a importância da poesia sendo apresentadas. A grande presença é da pesquisadora e poetisa Yeh Chia-ying. Para mim, não consigo ler as legendas como deveria, e claro que o filme depende muito dessas legendas tradutoras.
“Reino de terracota” é um filme de 2021 e do gênero animação; sem dúvida, busca a diversão, mas procurando encontrar o lado cultural desse tipo de cinema.
Outros filmes são “Setenta e sete dias”, “Quando a primavera chegar”, “Adoração” e outros. A exibição é gratuita. E o tempo que se gasta é compensador.
Olinda, 16. 11. 22
Recanto da maravilhosa Gal
Estava conversando com meu filho Pedrinho Celso sobre Gal Costa, e ele me falou sobre o disco Recanto, que realmente foi criado por Caetano Veloso. E Pedrinho, que conhece música e é um músico especializado em piano, me disse ‘ouça que o senhor vai gostar’. E claro, ele tinha razão, eu não só gostei, mas adorei.
Caetano é o autor de todas as músicas, e se fosse classificá-las, penso que a gente deveria encontrar no estilo de todas elas uma ligação com a arte construtivista. As obras são estruturadas não só para agradar ao ouvinte, mas também para levar o sentimento de crítica aos temas que são abordados. Ao mesmo tempo, a gente gosta, mas não se esquece de que a musa está cantando algumas coisas que não deveriam ser assim. É o nosso mundo da inteira contradição. As músicas se chamam Recanto escuro, Madre Deus, Segunda, Neguinho, Sexo e dinheiro, Miami maculelê, Autotune Auterótico, Cara do mundo, Tudo dói, O menino e Mansidão. Na verdade, não precisaria lembrar os nomes específicos das músicas, pois a “Recanto escuro’ talvez seja a que dá o clima verdadeiro a todas elas.
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E a maravilhosa Gal Costa simplesmente coloca toda sua arte de cantora para revelar a obra musical de Caetano Veloso. Ela mostra que apenas não teve uma voz excepcional, mas que também sabia usar a sua voz como uma forma de criação.
Acredito que esse disco Recanto não é dos mais conhecidos da cantora. Mas fica a sugestão de Pedrinho Celso para essa obra especial de Caetano, Gal e ainda Moreno Veloso, que inclusive faz uma participação com sua voz.
Olinda, 14. 11. 22