A Coronacrise continuará nos próximos anos
Para a Coronacrise não se prolongar para os próximos anos e não criar um ambiente de profundo caos econômico e social com elevado desemprego, recessão econômica e extrema pobreza, é necessário que ocorra uma sintonia internacional na organização do combate ao coronavírus
Publicado 08/02/2021 17:30
A Coronacrise é uma crise generalizada que se inicia numa crise sanitária causada pela pandemia do Covid-19 e culmina numa crise econômica e social. Com a elevada possibilidade de transmissão do coronavírus, a política recomendada é a quarentena, porém, efeitos econômicos e sociais são impactados com essa política, como o aumento do desemprego e a recessão econômica global.
Após um ano da descoberta desse vírus, no final de 2020 surgem diversas vacinas para combater a pandemia, gerando uma possibilidade de retorno à “normalidade”. Porém, com as transformações do vírus e com a possibilidade de as vacinas não funcionarem com as novas variantes, o ideal é a manutenção da quarentena para evitar as mutações, caso contrário, os impactos econômicos e sociais do coronavírus poderão se prolongar para os próximos anos.
Nessa conjuntura, prevalece as discussões sobre uma falsa dicotomia entre saúde x economia com objetivo de flexibilizar a quarentena. Essa dicotomia se sustenta com a narrativa que a quarentena ocasionaria a falência das empresas e por consequência o aumento do desemprego. Esse raciocínio encontra-se correto até certo ponto, pois não é incluído na narrativa que há um agente econômico que é capaz de lidar com os efeitos das crises e tem esse dever: o Estado.
Além de não incluir a posição do Estado para reduzir os efeitos das crises, esse argumento não inclui o debate sobre a possibilidade de prolongamento da crise motivada pelas transformações do coronavírus, na qual, poderá criar um ambiente caótico com o aprofundamento da Coronacrise por, no mínimo, alguns anos. Nesse sentido, partindo do cenário em que as vacinas não funcionem para as mutações do vírus, a quarentena alternada (que ocorre atualmente) irá se prolongar por mais alguns anos até que produza novas vacinas para as novas variantes.
Esse cenário pode gerar problemas ainda mais grave para a economia, pois em um ambiente de incerteza, com o elevado desemprego e baixos rendimentos, a população agirá com preferência pela liquidez, ou seja, evitarão gastos, assim, afetando a demanda na economia. As empresas nesse cenário de redução da demanda e com elevada incerteza para investimentos podem ir à falência, impactando na retroalimentação da incerteza, crise e aumento do desemprego.
Com isso, uma alternativa viável para a Coronacrise não se prolongar para os próximos anos e não criar um ambiente de profundo caos econômico e social com elevado desemprego, recessão econômica e extrema pobreza é necessário que ocorra uma sintonia internacional na organização do combate ao coronavírus com a política de quarentena a nível global até que a população seja vacinada, com agilidade na vacinação da população, investimento em pesquisa, com distribuição de renda, fornecimento de isenções e empréstimos para as empresas afetadas com baixo custo e de longo prazo.
Após esse período, para o retorno à normalidade, ainda será necessário um amplo apoio do Estado para geração de crescimento econômico com melhoria nos indicadores sociais. Caso contrário, mesmo que a população global seja vacinada em 2020 e a vacina sirva para as novas variantes, os efeitos da coronacrise de desemprego com o enfraquecimento da demanda e dos investimentos irão continuar pelos próximos anos, caso não tenha um amplo plano Estatal.