Uma visão aberta para a inventiva cinematográfica
A linguagem do cinema tem suas normas, mas artistas autênticos são renovadores. Conhecer a história é essencial, mas é preciso ter mente aberta para criar além das regras estabelecidas.
Publicado 19/06/2023 09:04
A linguagem da arte, de modo geral, e especificamente a linguagem do cinema, tem seus padrões, suas leis, suas regras. Mas todo autêntico artista é um renovador/inovador, pelo menos. Quando não seja revolucionário. Por isso não se pode querer encontrar nos filmes – em cada filme que seja uma obra de arte e não um simples produto industrial/comercial – submissão a tais ou quais normas estabelecidas pela História Cinematográfica…
Mas como em toda arte, é fundamental conhecer a História do Cinema. Saber que tal cineasta utilizou a “câmera na mão’, uma das marcas do cinema Novo. Ou saber que outro contou uma estória sem utilizar, nem uma vez, o recurso do “corte”. Que um cineasta prefere usar mais os “planos demorados, longos”. E outro sempre conta uma estória em ritmo mais ágil. Com “planos curtos”. É preciso saber que para captação da imagem temos que escolher o ângulo em que se vai colocara câmera. O plano a ser fixado. A forma como se vai iluminar tal cena. Mas tudo isso fica, ainda, no campo da técnica.
O fundamental – seja você alguém que está criando um filme ou seja um simples espectador da obra acabada e em projeção – é ter uma posição aberta. Procurar ver mais além do que a gramática estabeleceu. Conhecendo as regras e fugindo delas – quando elas nos atropelam, incomodam – é que podemos chegar à autêntica criação.
Jornal do Commercio, Recife, 17.10.1966
Do livro Cinema Brasileiro (Volume I)
Série em torno do trabalho
O título da série norte-americana é justamente “Trabalho”, e está em exibição na Netflix. Na verdade, sua linguagem é simplória, mas apresenta a relação entre alguns trabalhadores e a estrutura social em que vivem. Claro que não procuram discutir a mais-valia. O foco fundamental de busca dessa série são as questões que estão surgindo, sem dúvida, com o novo arcabouço social em função da nova tecnologia dentro da internet. A cada dia surgem formas novas, mesmo com tecnologia já conhecida. A direção de “Trabalho” é da cineasta Caroline Suh, e na etapa atual temos quatro episódios. Interessante é que a Netflix está colocando a narrativa em seis idiomas diversos, além do inglês, e isso é bom para quem não gosta de usar legenda.
Olinda, 12.6.23
Os livros e o grande editor
Na sexta-feira, Mario Sérgio Conti no programa Diálogos da GloboNews entrevistou o maior editor de livros do Brasil Luiz Schwartz, que é dono da Companhia das Letras. Eu pensei que poderia ser uma grande entrevista de Mario, como foi a entrevista com Gilberto Gil. Ledo engano meu. Pois no caso de Gil não havia todos os interesses em jogo. Mario não tinha nada a receber de um músico. E por isso a entrevista foi excelente, com perguntas fulminantes que o grande Gil tirou de letra.
Mas no caso do grande editor, Mario não poderia fazer as perguntas de quem gosta de livros gostaria de fazer. E assim fez as perguntas que o Editor queria que fossem feitas. Claro que foram perguntas interessantes, pois Luiz Schwartz é uma das grandes figuras dessa nossa terra. Então ele falou sobre a sua autobiografia. Mas falou muito mais sobre depressão, e assim seria uma maravilhosa entrevista para um público psicologia. E já no final, falou sobre algo conhecido como o mal que o governo anterior fez sem muitas delongas.
O importante me parece seria ouvir Luiz sobre o Livro hoje e suas versões em papel e em e-book. O Editor tem condições para falar muito sobre esse quesito que me parece fundamental hoje no mundo.
Digo só que sou um leitor inveterado do e-book, enquanto meu neto Victor Mendes só gosta de ler no livro tradicional em papel.
Olinda, 10.6.23
A malha sôfrega do mundo
Como é possível viver nesse tempo cretino
Como se todos os tempos não fossem,
Exclama e responde Alberto Lins Caldas
E eu me sinto afogado nesse dilema
E ainda por cima tem a filosofia
Contada pelo professor Vitor Lima
Não será o mundo que é cretino
E sim essa ínfima parte dos humanos
Claro que deus existe mas não
Os deuses que estão nas religiões
E assim o Deus que é maior
Explicando e deixando sofrer
Maria Nossa Senhora das Graças
Olinda, 04.06.23