País fecha 7 milhões de vagas e termina 2020 com desemprego recorde
Nem informalidade segura mais a taxa de desemprego. Desalento entre os que desistiram de procurar colocação também é recorde.
Publicado 26/02/2021 13:37 | Editado 27/02/2021 12:22
A taxa de desemprego no Brasil fechou 2020 com média de 13,5%, a maior da série histórica do IBGE, iniciada em 2012 (7,4%). No ano, o país ficou com 13,415 milhões de desempregados, a 840 mil a mais do que em 2019, e fechou 7,336 milhões de postos de trabalho (-7,9%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada na manhã desta sexta-feira (26).
Os números são um banho de água fria no mercado, que aguardava sinais de aquecimento da economia. A PNAD Contínua era aguardada com ansiedade pela Bolsa de Valores. Os indicadores de emprego e renda de dezembro refletem a capacidade de renda atual e futura dos brasileiros e, por isso, devem impactar o mercado hoje.
Com a perda acima de 7 milhões de vagas, o total de ocupados caiu para 86,053 milhões, menor quantidade da série. Foi uma queda disseminada, segundo o IBGE. Por exemplo, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado caiu 7,8%: menos 2,6 milhões, para 30,625 milhões de pessoas. Entre os trabalhadores domésticos, a retração foi ainda maior, recorde de 19,2%, para 5,050 milhões – perda de 1,2 milhão.
A ocupação teve queda acentuada e em período muito curto, com impactos em toda a pesquisa. Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%.
Informalidade não segura mais
Desta vez, nem o setor informal foi capaz de segurar a deterioração do mercado de trabalho. Houve redução de 1,5 milhão (-6,2%) entre os trabalhadores por conta própria, que passaram a somar 22,720 milhões. E o universo de empregados sem carteira no setor privado caiu bem mais, 16,5% (menos 1,9 milhão), para 9,665 milhões. Até o total de empregadores recuou (8,5%, menos 373 mil), caindo para 4,030 milhões. A taxa de informalidade passou de 41,1%, em 2019, para 38,7%: são 33,3 milhões pessoas sem carteira assinada
Outro recorde negativo foi o de desalentados, pessoas que que desistiram de procurar trabalho devido às condições do mercado. Esse contingente cresceu 16,1% em 2020 e chegou a 5,527 milhões, maior número da série histórica da Pnad.
O total de subutilizados, que inclui desempregados ou pessoas que gostariam de trabalhar mais, também atingiu seu maior número: 31,194 milhões. Aumento de 13,1% em relação a 2019, ou mais 3,6 milhões no ano.
Setores fecham vagas
Entre os setores de atividade, a ocupação na construção, por exemplo, caiu 12,5%, fechando 840 mil vagas. Com retração de 8%, a indústria perdeu 952 mil postos de trabalho. As áreas de comércio/reparação de veículos teve queda de 9,6%: 1,702 milhão a menos. Nos serviços, o segmento que inclui alojamento perdeu 1,172 milhão (-21,3%). Apenas a administração pública cresceu: 1%, acréscimo de 172 mil pessoas, com destaque para as áreas de saúde e de educação.
Menos R$ 8 bi na economia
Estimado em R$ 2.543, o rendimento médio cresceu 4,7% no ano passado, o que indica eliminação, principalmente, de vagas de menor remuneração. Por outro lado, a massa de rendimentos caiu 3,6%, para R$ 213,412 bilhões. Ou menos R$ 8 bilhões em 2020.
Apenas no último trimestre de 2020, a taxa de desemprego foi para 13,9%, ante o recorde de 14,6% no terceiro trimestre, bem acima de igualo período de 2019 (11%). O total de desempregados foi calculado em 13,925 milhões. “O recuo da taxa no fim do ano é um comportamento sazonal por conta do tradicional aumento das contratações temporárias e aumento das vendas do comércio”, observa a analista.
Com informações da Rede Brasil Atual e IBGE