Desemprego entre jovens faz aumentar risco de geração perdida
O aumento do número de jovens desempregados no mundo tem elevado os riscos do surgimento de uma “geração perdida”, com milhares de recém-formados fora do mercado de trabalho e descrentes sobre seu futuro, apontou um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Publicado 22/01/2013 14:03
De acordo com a mais recente edição do estudo Tendências Mundiais de Emprego, a proporção de jovens desempregados no mundo aumentou para 12,6% em 2012, e deve crescer ainda mais pelos próximos anos, podendo chegar a 12,9% em 2017.
A pesquisa estima que 73,8 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos no mundo estão sem trabalho, de um total geral de 197 milhões, e que a frágil recuperação da atividade econômica pode elevar em 500 mil o número de desempregados nessa faixa etária já em 2014.
O relatório revela que, nos últimos anos, em parte devido à crise financeira, muitos jovens recém-formados não conseguem encontrar emprego, permanecendo fora do mercado de trabalho formal durante muito tempo, o que pode não só prejudicar as suas perspectivas de carreira, como, a longo prazo, também o próprio crescimento da economia mundial. Segundo o estudo da OIT, tal situação extrema nunca foi observada em crises financeiras anteriores.
A título de exemplo, atualmente, 35% de todos os jovens desempregados nas economias avançadas estão desempregados por seis meses ou mais tempo, ante a 28,5% em 2007, destaca a pesquisa. Como resultado, um número cada vez maior de pessoas entre 15 e 24 anos “tem perdido as esperanças em encontrar um emprego e desistido do mercado de trabalho”.
Entre os países europeus, o problema é ainda maior, com 12,7% de todos os jovens do continente sem emprego e sem estar estudando ou fazendo cursos de treinamento, uma taxa dois pontos percentuais maior do que no período pré-crise. “Esses longos períodos de desemprego e desânimo no início da carreira de uma pessoa podem prejudicar as suas perspectivas de longo prazo, uma vez que suas habilidades profissionais e sociais, além da experiência prática, não são construídas”, diz o relatório.
O estudo sinaliza que, desde 2007, quando a crise financeira mundial ainda não havia eclodido, o número de pessoas entre 15 e 24 anos sem trabalho aumentou em 3,4 milhões. A OIT acrescenta que tal aumento no contingente de jovens desempregados também foi acompanhado pela saída de milhares deles do mercado de trabalho formal. Na prática, segundo o órgão, no ano passado, foram contratados 22,9 milhões de pessoas a menos nesta faixa etária do que em igual período de 2007.
Mundo
A OIT também analisou um panorama das tendências de emprego globalmente. As perspectivas da entidade, entretanto, não são positivas. O relatório indica que o desemprego em 2012 voltou a subir depois de dois anos de queda e poderá aumentar ainda mais neste ano.
Segundo a pesquisa, aproximadamente 25% do aumento do número de pessoas sem trabalho veio dos países ricos, enquanto o restante foi dividido em economias em desenvolvimento, no leste e no sul da Ásia e na África subsaariana. “Um panorama econômico incerto, e a falta de uma política adequada para solucioná-lo, enfraqueceu a demanda agregada, freando o investimento e o emprego”, afirmou por meio de um comunicado o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
– Isso prolongou a queda do mercado de trabalho em muitos países, reduzindo a criação de empregos e aumentando a duração do desemprego em alguns países que previamente haviam reduzido o desemprego e os mercados de trabalho dinâmicos – acrescentou Ryder. Por outro lado, o relatório também destaca que o contingente de trabalhadores com rendimento de classe média vem aumentando, especialmente em locais como a América Latina, o que pode servir de estímulo para a retomada da economia global.
Mas apesar de elogiar o desempenho da região, o estudo assinala que a produtividade do trabalhador, ainda que tenha aumentado, deve cair nos próximos anos, constituindo uma das maiores barreiras para uma melhora na qualidade de vida e nas condições de trabalho.
Respostas coordenadas
Ryder sugeriu que os países busquem “respostas coordenadas” à crise como estratégia para ampliar o número de empregos e reduzir o índice de pessoas fora do mercado de trabalho.
– A natureza global da crise mostra que os países sozinhos não podem resolver seu impacto apenas com medidas domésticas – disse. “A incerteza, que afasta investimentos e a criação de empregos, não cessará se os países apresentarem soluções conflitantes.”
Fonte: Correio do Brasil