Ossétia do Sul vota pela independência da Geórgia

A república autônoma da Ossétia do Sul, na Geórgia, votou em massa a favor da independência em um plebiscito organizado neste domingo, em meio a sinais de que o governo central em Tbilisi quer diminuir a tensão com os líderes pró-independência e seus alia

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, transferiu seu ministro da Defesa, Irakli Okruashvili, para o posto de ministro da Economia na última sexta-feira (10/11), no mais forte indício até então de que o governo pretende pôr um fim ao impasse nas relações com a Rússia.


 


A votação deste domingo foi considerada “ilegal” pelos Estados Unidos e União Européia, que apóiam o governo de Saakashvili, e não enviaram monitores internacionais para presenciarem o plebiscito.


 


“Mais de 90% das pessoas votaram a favor da independência de nosso república”, informou a comissão eleitoral da região nesta segunda-feira. Apesar de já esperado, o resultado levou a população local a celebrar nas ruas de Tskhinvali, a cidade considerada capital, carregando bandeiras da Ossétia do Sul e também da Abkházia — outra república que não quer viver sob o governo da Geórgia.


 


Independência negada


 


Esta foi a segunda vez que a Ossétia do Sul vota a favor da independência em um plebiscito, e analistas dizem que este voto não garantirá que o país obtenha a independência.


 


Os resultados preliminares da apuração dos votos indicam que 99% das pessoas votaram a favor da independência ontem. Os eleitores também reelegeram o líder independentista Eduard Kokoity com 96% dos votos. Segundo oficiais da comissão eleitoral, 95,2% dos cerca de 55 mil eleitores compareceram às urnas.


 


A região da Ossétia do Sul, que faz fronteira com a Rússia próximo às montanhas do Cáucaso, declarou sua independência unilateralmente da Geórgia depois de uma guerra entre 1991 e 1992 que matou centenas de pessoas e levou milhares a fugir de suas casas.


 


A maioria da população da região, da etnia Osseta, possui passaportes russos e usa a moeda russa. Na capital Tskhinvali, a bandeira da Rússia está hasteada ao lado da bandeira da Ossétia do Sul.


 


Muitas vilas da ex-república autônoma, no entanto, são habitadas por georgianos leais ao governo central em Tbilisi, que fica a apenas 100 km de distância. Estes moradores, em sua maioria, rejeita a independência. Em uma votação paralela — não realizada pelos defensores da soberania da Ossétia — a população georgiana votou a favor da submissão ao governo de Tbilisi, segundo eles por uma margem de 90% dos votos.


 


Neste sábado, o Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) rejeitou a realização do plebiscito e insinuou que ele elevaria o risco de uma escalada da tensão na região.


 


O presidente russo, Vladimir Putin, fez um alerta no final de outubro ao governo da Geórgia, que segundo ele arrisca-se a um “banho de sangue” se tentar recuperar o controle de regiões separatistas do país. O aviso foi feito em uma reunião de Putin com líderes da União Européia (UE), e acirrou ainda mais a crise entre os dois países.


 


As relações entre a Geórgia e a Rússia são tensas desde que Saakashvili derrubou do poder o ex-presidente Edvard Shevardnaze, por meio de uma “revolução de veludo”, em 2003. Saakashvili submete-se à política imperialista da administração Bush e pretende integrar seu país à Otan, obedecendo os planos americanos de abrir mais uma frente de pressão política e econômica contra a Rússia no sul.


 


Assim como a Ossétia do Sul, a Abkházia proclamou a independência da Geórgia logo depois do desaparecimento da URSS, em 1991.