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PC de Israel tem importante vitória nas eleições parlamentares

Em nota divulgada ontem, o secretariado do Partido Comunista de Israel faz uma análise das eleições de 28 de março no país, quando obteve cerca de 86 mil votos e elegeu 3 deputados. Segundo o PCI, a eleição traduziu a vontade de judeus e árabes israelense

"A Frente pela Paz e Igualdade (Hadash) registrou um importante avanço político nas eleições parlamentares realizadas em 28 de março em Israel. Graças aos esforços dos militantes do Partido Comunista de Israel e seus aliados no Hadash, especialmente dos jovens e estudantes, nossa representação no parlamento aumentou de dois para 3 deputados. Isso dentro de um total de 120 deputados que compõem o Knesset (Parlamento), e com o voto de 86 mil cidadãos árabes e judeus, em condições políticas extremamente adversas, que outorgaram seu voto à Hadash.

É importante destacar que o número de votantes caiu de 68% para 63% do padrão eleitoral em relação às eleições anteriores realizadas em 2003. Um número menor de eleitores foi registrado em relação à população árabe de Israel: 56%. Isso é reflexo da desconfiança cada vez maior em relação ao sistema político.

Uma leitura política das eleições nos permite chegar a várias conclusões. A primeira é o rotundo fracasso dos partidos que se opõem à retirada dos territórios palestinos ocupados e o desmantelamento dos assentamentos israelenses (O Likud e a "União Nacional" — Ajdut Leumit). Este estrepitoso fracasso ratifica que a maioria da opinião pública israelense está a favor de uma completa retirada dos territórios palestinos. Os partidos que de uma maneira ou de outra proclamam a necessidade de uma política de pôr fim à ocupação (muitas vezes de forma demagógica e sem realmente querer efetivar tal política) foram a maioria.

A segunda é que os resultados refletem um clara e contundente crítica ao modelo econômico e social neoliberal. Os partidos que defenderam propostas políticas críticas diante das opções governamentais dos últimos tempos conseguiram o voto de um terço do eleitorado.

Embora existam sinais alentadores em relação à evolução de uma parte cada vez maior da opinião pública a posições mais conseqüentes nos terrenos da paz, sociedade e economia, no que respeita a direitos humanos e os princípios de igualdade, vemos uma perigosa tendência. Partidos nacionalistas-extremistas e racistas conseguiram obter cerca de 800 mil votos.

Esses resultados eleitorais tão contraditórios se refletem também no relativo êxito do partido criado por Ariel Sharon há dois meses: Kadima (Avante, em hebriaco). Essa nova formação política, que obteve um quarto dos votos, foi adjetivada como partido de "união nacional", no qual estão aqueles que lideraram dos dois maiores partidos de Israel, o Likud e o Trabalhista. Está claro que esse novo partido não é capaz de dar uma resposta à crise da sociedade israelense ou às ânsias de paz. O Kadima não é uma resposta à crise, é apenas produto dela.

Podemos considerar que o líder do Kadima, Ehud Olmert, continuará a política de Sharon, liderando uma coalizão que tratará de anexar territórios palestinos da Cisjordânia ocupada (bloqueando dessa maneira qualquer perspectiva da paz), continuará com a repressão brutal do povo palestino e manterá sua política "unilateralista" em relação à Autoridade Nacional Palestina, boicotando toda negociação com os líderes palestinos eleitos. Olmert e o Kadima continuarão a política de privatização selvagem e de cortes orçamentários, aumentando a desigualdade social. Desde já advertimos que a política do próximo governo causará mais dores e tragédias a israelenses e palestinos em geral.

A Hadash se apresentou a essas eleições em uma situação aparentemente favorável. Pois, a julgar pelos resultados, uma parte considerável dos eleitores tem-se pronunciado pela retirada dos territórios palestinos e se opõe à política econômica e social neoliberal. Entretanto, nossos militantes tiveram que enfrentar tanto o racismo como o chauvinismo de uma grande parcela do eleitorado judeu e da resignação reinante tanto em eleitores judeus como árabes.

A Hadash propôs ao eleitorado a única alternativa política árabe-judaica de esquerda. Os comunistas e os militantes da Hadash tiveram que enfrentar o extremismo de direita judeu e as tentativas do governo de pressionar o eleitorado árabe. Na população árabe, o Hadash apresentou sua alternativa árabe-hebraica diante de uma lista de candidatos claramente religiosa islâmica (a Lista Árabe Unida) e outra baseada em um programa nacional estreito (A Aliança Democrática-Nacional, presidida por Azmi Bishara).

O resultardo das eleições mostra claramente que, apesar da complexidade e adversidade da situação, pudemos conduzir um combate contra a apatia e o desespero.

Acreditamos que os resultados eleitorais tenham validado as decisões do Comitê Central do PCI e órgãos dirigente pelos quais a Hadash concorreu às eleições, expondo seu ideário e seus candidatos, garantindo a representação árabe e judia em sua fração parlamentar. Essa posição adotada pela Hadash significou a eleição de três deputados: Muhamad Barake, Dr. Janha Sweid e Dr. Khov Khenin.

O PCI, reforçado em seus objetivos eleitorais, continuará sua luta pela criação de uma frente para a defesa das liberdades democráticas e contra o racismo, formada por judeus e árabes. O PCI seguirá combatendo pelos interesses dos trabalhadores, das mulheres e dos jovens. O PCI deverá reforçar sua organização e continuar a luta para ampliar o apoio público à Hadash.

Está é a nossa responsabilidade histórica: ser a vanguarda na luta pela paz e liberdade e no combate pela justiça social e um meio-ambiente ecológico justo. Devemos continuar avançando na luta pela unidade de judeus e árabes, tarefa que esteve — sempre — na ordem do dia dos comunistas.

Haifa, 2 de abril de 2006

Secretariado do Partido Comunista de Israel"

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