Desde 2010, as famílias não ficavam tão endividadas
Estudo nacional feito pela Federação do Comércio de São Paulo mostra que, antes da pandemia, 64% das famílias brasileiras estavam endividadas. Hoje, são 71%.
Publicado 24/11/2021 08:08 | Editado 23/11/2021 22:12
O endividamento das famílias brasileiras atingiu o maior nível em 11 anos. Foi a consequência do uso de crédito para compensar a queda de renda.
O país tem o maior número de famílias com dívidas dos últimos 11 anos, segundo um estudo nacional feito pela Federação do Comércio de São Paulo.
Rio Branco é a capital com mais famílias endividadas, seguida por Curitiba e Natal, bem acima da média histórica, que é de 61,8%. Antes da pandemia, 64% das famílias brasileiras estavam endividadas. Hoje, são muito mais: 71%.
O endividamento em si não é o pior, mas a incapacidade de saldar as dívidas. Para avaliar isso, Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP, diz que basta olhar para a alta taxa de desemprego, entre as maiores do mundo, que ameaça a massa de rendimento das famílias; ainda mais grave é a inflação com consequente aumento da taxa de juros, corroendo o poder de compra e o descontrole sobre os serviços da dívida.
As famílias brasileiras empobreceram. Em 16 das 27 capitais do país, a renda ainda não voltou ao que era antes da pandemia. Na média, o recuo foi 0,7%. Mas em algumas cidades, como em Vitória, Boa Vista e Fortaleza, o orçamento das famílias encolheu muito mais.
Os economistas dizem que esse raio X das contas das famílias ajuda a explicar porque a economia segue travada. Com o orçamento cada vez mais apertado por causa das dívidas e dos preços subindo, sobra menos para gastar. E sobra menos ainda para tomar crédito, que é um oxigênio da economia. O estudo mostra que é preciso aliviar a pressão sobre as contas do consumidor, para que ele volte a comprar, e a indústria, o varejo e os serviços reajam.
“O crédito é fundamental para qualquer tipo de economia. Ao se elevar e ficar caro, esse crédito cria o risco da inadimplência. O que seria ruim para todos os segmentos: seja para o governo, seja para as empresas, seja para as famílias”, diz Altamiro Carvalho.
Do Jornal Nacional, da Rede Globo