Desemprego atinge patamar recorde em 20 estados, aponta IBGE
PNAD Contínua registra piores taxas desde 2012, principalmente em estados do Nordeste. Negros e mulheres são os mais atingidos.
Publicado 10/03/2021 17:35 | Editado 11/03/2021 13:44
A crise econômica no país causou recordes nas taxas anuais de desemprego em 20 das 27 unidades federativas do Brasil em 2020. Os índices regionais acompanham a média nacional de desemprego de 13,5%, divulgada no final de fevereiro. É o pior nível aferido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012.
Os estados do Nordeste apresentaram taxas mais elevadas, com o maior índice na Bahia (19,8%). Na sequência, os estados de Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%), Rio de Janeiro (17,4%) e Pernambuco (16,8%) reuniram os números mais alarmantes.
A região Sul registrou índices inferiores ao restante do país e Santa Catarina foi o estado com a menor taxa de desemprego (6,1%). Além de Santa Catarina, outros seis estados não bateram o recorde da taxa de desemprego: Pará, Amapá, Tocantins, Piauí, Pernambuco e Espírito Santo.
As populações mais afetadas foram de mulheres, jovens, pretos e pardos. Considerando o último trimestre de 2020, a taxa de desemprego média foi de 13,9%. Entre os trabalhadores brancos o número cai para 11,5% e, entre homens, 11,9%. Para as mulheres, a taxa de desemprego chegou a 16,4%, ficando acima da média também entre pardos (15,8%). O desemprego atinge em maior porcentagem os negros, com taxa de desemprego em 17,2%.
População ocupada
Outros índices medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística corroboram o momento econômico crítico. Em 15 estados, a população ocupada¹ ficou abaixo de 50%. Foi a primeira vez no Brasil que mais da metade da população com idade para trabalhar não conseguiu emprego.
Em comparação à 2019, cerca de 7,3 milhões de brasileiros a mais procuraram trabalho e não foram contratados em 2020. Dessa diferença, quase 2 milhões de pessoas se encontram em São Paulo. A população ocupada chegou ao menor patamar da série histórica, são 86,1 milhões de brasileiros. O estado com o menor índice de população ocupada é Alagoas, com apenas 35,9%.
Trabalho informal
Segundo o IBGE, a redução no número de trabalhadores informais² foi o principal fator para o aumento do desemprego e queda na taxa de ocupação. Com a pandemia e as necessárias medidas de controle social, o movimento nas ruas diminuíram e impossibilitou a atuação dos trabalhadores informais. A taxa média de informalidade do país era 41,1% em 2019 e passou para 38,7% em 2020.
“A queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano”, diz a analista Adriana Beringuy, do IBGE. “Com menos trabalhadores informais na composição de ocupados, a taxa de informalidade diminui”, acrescenta.
De acordo com os números divulgados pelo IBGE em fevereiro, o ano de 2020 terminou com cerca de 5,8 milhões de pessoas desalentadas no Brasil. As pessoas que se encontram nessa posição são as que pararam de buscar emprego, mesmo que tenha condições de assumir um trabalho. Entre as unidades federativas, a Bahia registrou o maior número absoluto e relativo no levantamento, cerca de 813 mil desalentados, que representa 14% do total. A média nacional de desalentados em relação à força de trabalho foi de 5,5%.
Com informações de G1 e RBA
Notas
[1] Segundo o IBGE: população ocupada – aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias); População desocupada – aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva nos últimos 30 dias (consultando pessoas, jornais, etc.).
[2] Segundo o IBGE, São considerados trabalhadores informais, segundo o IBGE, aqueles ocupados sem carteira, os trabalhadores domésticos sem carteira, os empregadores sem CNPJ, os que trabalham por conta própria sem CNPJ e os trabalhador familiar auxiliar.