Brasil tem 11,9 milhões de desempregados e 38,3 milhões de informais
Nada menos que 40,7% da população ocupada no País está na informalidade
Publicado 28/02/2020 12:06 | Editado 28/02/2020 12:20
Os primeiros números sobre o emprego no Brasil em 2020, divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam uma realidade ainda desesperadora para a maioria dos trabalhadores. De acordo com o IBGE, passados 13 meses de governo Jair Bolsonaro, o Brasil tem hoje 11,9 milhões desempregados, 38,3 milhões de pessoas na informalidade e 4,7 milhões de desalentados (trabalhadores que desistiram de procurar trabalho e já não são computados como desocupados).
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e se referem ao trimestre móvel encerrado em janeiro de 2020. A taxa de desemprego, hoje, é de 11,2%. No mesmo período do ano passado, a desocupação estava em 12%. A redução do desemprego, além de lenta, é frágil – os novos postos de trabalho são, invariavelmente, informais. Entre os desocupados, o IBGE abrange “pessoas que procuraram emprego sem encontrar”.
A população ocupada no País – empregados, empregadores, servidores públicos, etc. – é de 94,2 milhões de trabalhadores. Desse total, nada menos que 40,7% estão na informalidade. A taxa é 0,5 ponto percentual abaixo da registrada do trimestre encerrado em outubro, mas praticamente corresponde a população de um país do porte da Polônia, que tem 38,4 milhões de habitantes.
Conforme o IBGE, o número de desalentados, na faixa dos 4,7 milhões, equivale a 4,2% da força de trabalho. São 83 mil pessoas a mais na comparação ao trimestre móvel anterior – uma alta de 1,8 ponto percentual. Além disso, 26,4 milhões de trabalhadores estão subutilizados. Trata-se dos brasileiros desempregados, desalentados ou empregados que gostariam e poderiam trabalhar mais horas.
Da Redação, com agências
Essas trabalhadores, esses proletários, embora não estejam mais reunidos nas condições existentes, no passado, no chão das grandes fábricas, podem, entretanto, ser encontrados nas ruas, nos seus locais de moradia, e, em sua grande maioria, vivendo uns ao lado dos outros, nas periferias das grandes e médias cidades. Se, para a luta política contra o fascismo, é correto defender uma Frente Ampla, instrumento de luta e resistência no âmbito da chamada sociedade civil em defesa da democracia ameaçada, para a luta visando mobilizar esse enorme contingente de trabalhadores submetidos a processos de exploração que cada vez mais se assemelham aos existentes no final do século XIX e início do século XX, é urgente reunir uma Frente de Partidos e Movimentos Sociais de Esquerda e trabalhistas. As duas Frentes não se excluem, posto terem funções distintas, embora ambas se envolvam na luta em defesa da democracia. Para mim, o trabalho na Frente Brasil Popular e na Povo Sem Medo (que deveriam se unificar sob uma única denominação) deveria ter sido a atividade principal, exercendo-se de forma cotidiana, planejada e massiva, nas periferias, nas ruas, nos locais de moradia, localizando e abordando esse gigantesco contigente de trabalhadores, promevendo agitações relâmpagos nas estações de metrô, pontos de ônibus, feiras populares, praças, ruas de grande movimentação e locais de grande concentração do proletariado. A denúncia do processo de destruição de direitos trabalhistas e sociais implementado por um governo protofascista deveria ser o eixo do trabalho de agitação e propaganda. O velho panfleto de papel ainda desconhece, a meu ver, substituto, pela sua capacidade de ser um instrumento de abordagem corpo a corpo dos homens comuns onde quer que eles se encontrem. As duas Frentes, a Brasil Popular e a Sem Medo, que, a meu ver, deveriam ter sido, desde a posse de Bolsonaro, o centro de gravidade da atuação da esquerda, foram, incompreensivelmente, secundarizadas. Os partidos de esquerda e os trabalhistas, TODOS, sem exceção, deveriam ter consciência de que, nesse momento, a unidade de ação se tornou vital, caso contrário, jamais será possível arrancar os trabalhadores do estado de despolitização em que se encontram, para refundar suas lutas nas novas condições que alguns denominam de reestruturação do mundo do trabalho. Sem a atuação unitaria organizada de uma vanguarda entre os trabalhadores alienados e despolitizados, não ocorrerá qualquer tipo de desalienação e politização espontânea. Nenhuma força do campo da esquerda ou trabalhista, mesmo que compreendesse, como deveria compreender, a centralidade do trabalho de mobilização dos trabalhadores e do povo nas periferias , tem ou terá, no futuro próximo, condições de realizar essa tarefa isoladamente.