Privatização da Petrobras eleva preço da gasolina e do gás de cozinha
Direção da empresa já entregou poços, plataformas e gasodutos para multinacionais abaixo do preço do mercado.
Publicado 26/05/2018 10:34
O golpe de 2016, marcado por uma conspiração política que resultou no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, abriu as portas para a privatização da Petrobras. Sob os nomes de "venda de ativos" e “desinvestimentos”, o governo Michel Temer passou a vender patrimônio da companhia aos poucos.
Desde o início dessa política privatista, a direção da empresa já entregou poços de petróleo, plataformas, termelétricas e gasodutos a preços abaixo do valor de mercado para multinacionais estrangeiras e, consequentemente, provocou a demissão de 3 milhões de trabalhadores nas indústrias da cadeia do petróleo. Agora, a mira está apontada para as refinarias de petróleo e para as fábricas de fertilizantes.
A privatização da Petrobras atinge em cheio a possibilidade de o país ser autossuficiente em combustíveis e a capacidade de o governo brasileiro ter controle sobre seus preços. Com a produção de gasolina, diesel e gás de cozinha nas mãos de empresas estrangeiras, o preço desses produtos pode ser reajustado conforme interesses internacionais.
“Seja para garantir o abastecimento interno do mercado de combustíveis; seja para assegurar a produção de alimentos no país; seja para gerar empregos e tecnologia; ou para financiar o desenvolvimento da nação com o dinheiro do pré-sal, a Petrobras é fundamental para a nação. Entregar esse patrimônio e depender das empresas estrangeiras é perder soberania nacional. É abrir mão do futuro”, afirma Felipe Pinheiro, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais.
Tudo mais caro
Um dos principais impactos da privatização para a população é o aumento do preço dos combustíveis. Além disso, as recentes mudanças na política de preços da Petrobras para acompanhar as cotações internacionais também impactaram nos reajustes. Confira os reajustes nos últimos três anos no gráfico ao lado.
Preço do gás leva brasileiros a usarem lenha e carvão
O aumento no preço do gás de cozinha por Michel Temer, associado à queda no rendimento das famílias e ao aumento do desemprego, fez com que 1,2 milhão de domicílios brasileiros passassem a utilizar lenha ou carvão no preparo dos alimentos em 2017. Os dados são de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em abril deste ano.
No total, 12,3 milhões de domicílios em todo o país utilizaram a lenha ou carvão ao longo do ano passado – o que corresponde a 17,6% das residências brasileiras. Em Minas, o número foi ainda maior: ao todo, 1,4 milhão de famílias adotaram essa forma de combustível para o preparo dos alimentos em 2017 – o que dá um percentual ainda maior que o nacional, chegando a quase 20% dos domicílios (19,6%).