Após pressão da Oposição, governo recua no fechamento da Fafen
Bancada Comunista anuncia para o início de abril a realização de uma Comissão Geral, no Plenário da Câmara dos Deputados, para discutir o plano de desinvestimento do governo Temer na área de fertilizantes e para a Petrobras.
Por Iberê Lopes*
Publicado 28/03/2018 11:16
Em reunião na Câmara, nesta terça-feira (27), parlamentares da Bahia e de Sergipe, governador e vice dos estados e representantes de setores do agronegócio e da indústria da região solicitaram estudo de subsídio para manutenção das atividades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen).
Segundo o presidente da Petrobras, Pedro Parente, o governo deve suspender o plano de “hibernação” das duas unidades da estatal. Isto representa um passo atrás na estratégia de deixar o setor de fertilizantes, previsto no Plano de Negócios e Gestão.
De acordo com o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), a resposta é um sinal positivo. Mas o projeto de desmonte da indústria nacional permanece ameaçando empregos. “Nós precisamos durante esse período (prazo de negociações), que coincide com o período eleitoral, derrotar esse governo e reverter esse processo, mantendo a Petrobras forte. É muito importante para a independência nacional”, acentuou.
Serão quase 180 dias, a partir de junho, em que os estados e as indústrias deverão apresentar soluções para o empasse. Parente ainda fez um alerta quanto aos possíveis incentivos da União para evitar o fechamento das fábricas. “Com subsídios nós não podemos fazer. Quero deixar isso claro para os senhores, olhando olho no olho”.
A Fafen produz atualmente insumos essenciais para a produção agrícola. Fato que, para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), obriga qualquer nação a tratar sua manutenção como fundamental para o desenvolvimento da economia. “Ficou evidente aqui que a política de desinvestimento é a matriz nuclear do atual governo. Apesar do esforço do presidente da Petrobras em dizer que Temer não sabia do fechamento das fábricas, a venda dos ativos das subsidiárias da Petrobras é uma realidade. Temos um Brasil exportador de commodities e retraído na construção da sua tecnologia”, enfatizou Alice.
As duas unidades devem continuar funcionando e os empregos estarão garantidos até a conclusão das negociações. Neste período, será criada uma comissão, formada por deputados, governadores e empresários para encontrar uma forma de preservar a indústria de fertilizantes na Bahia e no Sergipe.
A unidade da Petrobras em Camaçari (BA) é a primeira fábrica do Polo Petroquímico local, responsável pela produção de 474 mil toneladas/ano de ureia, 474 mil toneladas/ano de amônia e 60 mil toneladas/ano de gás carbônico.
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), anunciou a realização de Comissão Geral, no dia 10 de abril, para debater os impactos da medida no aumento do desemprego e a política de desnacionalização da Petrobras. Foram convidados os governadores dos dois estados, representantes dos trabalhadores e o presidente da estatal petrolífera. “Para que todos possam se posicionar diante desse desmonte”, afirmou.