Estamos no limite, confessa ministro da Defesa sobre cortes de verbas
Depois que os comandantes das Forças Armadas manifestaram publicamente que o governo de Michel Temer estava colocando em risco a segurança do país com o corte de verbas imposto pelo teto, o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), admitiu que a situação está no limite.
Publicado 04/09/2017 11:44
Durante visita ao Recife, em visita ao Programa Forças no Esporte, nesta segunda-feira (4), Jungmann disse que a situação está "no limite".
“Até aqui, nós não tivemos comprometimento operacional das Forças, mas nós estamos no limite. Ou seja, o nosso limite é exatamente o mês de setembro. Nós temos o compromisso que, aprovada a nova meta fiscal, nós vamos ter a liberação desse recurso e a vida segue para nós, eu espero, normalmente”, declarou Jungmann, se referindo à votação na Cãmara realizada na semana passada, em que o governo não conseguiu garantir o quórum necessário para aprovar a meta fiscal com rombo de R$ 159 bilhões nas contas.
O comandante das Forças Armadas, o general Eduardo Villas Bôas, tem feito reiteradas críticas à política de cortes. De acordo com ele, somente neste ano houve um contingenciamento de 43,5%, e o recurso só é suficiente para cobrir os gastos deste mês de setembro.
“Conduzo seguidas reuniões sobre a gestão dos cortes orçamentários impostos ao @exercitooficial. Fazemos nosso dever de casa, mas há limites”, disse o comandante nas redes sociais.
Segundo o general, as restrições orçamentárias já estão prejudicando as “capacidades essenciais” das tropas. “Também a nossa capacidade de desenvolver ações sociais, por exemplo, a entrega de água no Nordeste. São 4 milhões de pessoas [atendidas]. Nos preocupa muito que a nossa capacidade de atender essas demandas seja comprometida.”
Jungmann diz que, caso não haja liberação do orçamento, o caminho vai ser o de reduzir os serviços. “[Caso não haja liberação] você terá um cenário complicado, em que terá que reduzir muitos dos serviços que são feitos. Você terá que, possivelmente, fechar unidades e outros problemas mais. Você vai ter que reduzir, por exemplo, o número dos que vão prestar serviço militar, que são 80 a 90 mil. Você vai ter uma série de restrições, procurando preservar o que é essencial para a defesa do país”, explicou.