Cuba, Chile e Argentina têm menores taxas de homicídio da AL
Chile, Cuba e Argentina são os países com taxas de homicídio mais baixas da América Latina, segundo o Estudo Global sobre Homicídios 2013, realizado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e divulgado nesta quinta-feira (10).
Publicado 11/04/2014 09:38
O documento mostra que, em 2012, o Chile teve uma taxa de homicídios de 3,1 por 100 mil habitantes, seguido por Cuba, com 4,2. A Argentina, enquanto isso, teve uma taxa de 5,5 homicídios por 100 mil pessoas, mas o informe esclarece que os dados são de 2010. O Brasil, enquanto isso, apresentou uma taxa de 25,2.
O Uruguai, com números de 2011, também tem taxas baixas comparadas ao resto da América Latina, especialmente Honduras, Venezuela e Belize: são 7,9 homicídios a cada 100 mil habitantes. “As taxas na Argentina, no Chile e no Uruguai são estáveis e baixas, o que lhes dá perfis de homicídio mais parecidos com os da Europa”, diz o estudo.
Quase meio milhão de pessoas (437 mil) foram assassinadas em 2012, segundo o UNODC. Mais de um terço dos homicídios ocorreu no continente americano (36%), 31% na África e 28% na Ásia. A Europa e a Oceania, por sua vez, apresentaram taxas drasticamente menores (5% e 0,3%, respectivamente).
Somando a alta taxa de homicídios na América à descoberta de que 43% de todas as vítimas de assassinato têm idades entre 15 e 29 anos, o estudo concluiu que uma em cada sete vítimas no mundo todo é um rapaz jovem, entre os 15 e os 29 anos, vivendo em alguma parte da América.
Gênero
O estudo mostra que 79% das vítimas de homicídios no mundo são homens. Por outro lado, eles também representam 95% dos perpetradores do crime, uma taxa que é consistente em diversos países e regiões, independentemente do tipo de homicídio ou da arma utilizada.
Enquanto o cerne dos assassinatos está relacionado essencialmente aos homens, o relatório também mostra que, no contexto da família e dos relacionamentos íntimos, as mulheres correm um risco bem maior: dois terços (43600 em 2012) das vítimas de violência doméstica são do sexo feminino.
Quase 47% das mulheres assassinadas em 2012 foram mortas por familiares ou parceiros em todo o mundo, enquanto o mesmo ocorreu com menos de 6% dos homens. Quando observados apenas os números da violência por parceiro, a esmagadora maioria das vítimas de homicídios são mulheres (79% na Europa).
“Assim, enquanto uma grande parcela das mulheres vítimas de homicídio são assassinadas por pessoas que deveriam se importar com elas e protegê-las, a maioria dos homens são mortos por pessoas que podem nem conhecer”, relata o documento.
Causas
A disponibilidade de armas e o uso de álcool e/ou drogas ilícitas são fatores externos que influenciam amplamente na realização ou não de um homicídio, segundo o estudo. As armas, por exemplo, não estão em todos os assassinatos, mas têm papel importante nos números: com alta taxa de letalidade, as mais usadas são as armas de fogo (quatro entre dez casos). Enquanto isso, “outros meios”, como a força física, matam apenas pouco mais de um terço das vítimas e os objetos cortantes, um quarto.
O consumo de álcool e drogas também aumenta a chance de que um homicídio seja cometido. Na Suécia e na Finlândia, mais da metade dos homicidas consome álcool antes de cometer o crime e, na Austrália, quase metade dos assassinatos está relacionado a bebidas alcoólicas, tendo sido consumidas pelo assassino, pela vítima ou por ambos.
As drogas ilícitas, por sua vez, influenciam em dois tipos de homicídio: aquele em que há consumo dessas substâncias e aquele gerado pelo tráfico, muitas vezes envolvendo cartéis rivais.
Condenação
O estudo mostra que, na maior parte dos países, as autoridades reagem prontamente a uma denúncia de homicídio. Entretanto, a taxa de condenação para cada 100 homicídios dolosos é de apenas 43.
Os números são bastante díspares entre as regiões, no entanto. Enquanto na Europa a taxa de condenação chega a 81%, na Ásia o número não chega à metade dos casos (48%) e é ainda mais baixo nas Américas (24%). Segundo o relatório, não havia dados suficientes para Oceania e África, que não foram incluídas nessa parte da pesquisa.
Fonte: Opera Mundi