População de rua e Vereadores discutem demandas em audiência
Trabalho e habitação. Essas seriam, hoje, as principais demandas da população em situação de rua que vive em Fortaleza. São reivindicações como estas que serão levadas pelos moradores de rua organizados à Audiência Pública que acontece na manhã desta sexta-feira, dia 5 de março, na Câmara Municipal de Fortaleza.
Publicado 05/03/2010 09:41 | Editado 04/03/2020 16:34
Estima-se que Fortaleza tenha uma população estimada em 1.700 pessoas em situação de rua, segundo dados oficiais do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Para Francivaldo Paixão, integrante do Movimento Nacional de Moradores de Rua, essa população pode ser bem maior e está mais do que na hora de a sociedade e poderes públicos passarem a ter mais atenção com essa parcela de cidadãos e cidadãs que povoam as praças da cidade.
Segundo afirma, as necessidades dos moradores e moradoras de rua passam pela saúde, segurança, bem-estar social, lazer e, sobretudo trabalho, renda e moradia. “A questão do trabalho e da habitação são nossas prioridades. Temos que deixar claro que o morador ou a moradora de rua não quer mais políticas assistencialistas, não quer uma casa de graça. Quer um trabalho digno para se manter e manter a sua família, quer, com isso, ganhar respeito, ser valorizado, ter dignidade”, afirmou Paixão.
Sobre a Audiência Pública – proposta pelo vereador Ronivaldo Maia (PT) – o representante do Movimento afirma que é um passo importante, pois leva para o debate um assunto que não é discutido amplamente como se deveria.
Francivaldo disse que a participação dos moradores pretende ser bem incisiva na Audiência, colocando seus pontos de vistas, defendendo seus interesses e expondo experiências que podem ter resultados bem positivos se implantadas em Fortaleza.
Ele cita, por exemplo, a criação de um espaço de moradia para a população em situação de rua que seja gerido não só pela Prefeitura ou Estado, mas que tenha gestão mista, com a participação dos moradores na administração.
“A ideia que temos de ‘albergue’ é que é um depósito de seres humanos. Não é de um espaço assim que precisamos. Temos que valorizar nossos espaços. Estamos organizados, sabemos de nossos direitos”, disse.
Outro problema destacado por Francivaldo é a questão das mulheres e meninas que moram nas ruas. Ele afirma que é cada vez mais preocupante, pois se as mulheres já enfrentam alguns obstáculos normalmente pela questão de gênero, nas ruas esta situação tende a piorar. “Muitas estão grávidas, são vítimas de violência, também tem a questão das DSTs”, comenta.
Francivaldo Paixão, morador de rua, está no Espaço de Acolhimento Noturno, uma iniciativa implementada pela Prefeitura de Fortaleza, através do Centro de Atendimento à População de Rua, administrado e levado à frente pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas).
Fonte: Adital