Incubadora da UFC estimula o cooperativismo há mais de dez anos
A Incubadora de Cooperativas Populares de Autogestão da Universidade Federal do Ceará (UFC) começou a ser idealizada em1997, para apoiar grupos populares na formação de empreendimentos cooperativos, como uma alternativa na geração de emprego para a população de baixa renda.
Publicado 04/03/2010 09:40 | Editado 04/03/2020 16:34
"Na época o projeto era inovador, porque trabalhava com cooperativismo e gestão compartilhada, a autogestão. Depois é que se surgiram e se aprofundaram os diálogos sobre Economia Solidária", explicou o Coordenador da Incubadora, professor Osmar de Sá.
No início, a demanda era por cooperativas de trabalho, mas, segundo o professor, essas entidades não eram bem vistas pela sociedade. Então, ele contou que foi preciso realizar diversos seminários sobre o significado do cooperativismo. "A UFC queria construir uma realidade diferente e positiva sobre as cooperativas, para que nelas fossem exercidos os direitos dos trabalhadores-associados". Ele lembra que este processo foi difícil.
"O Ministério Público tem uma postura vigilante e não aceita o trabalho cooperado como algo saudável para os trabalhadores", disse. Osmar explicou ainda que não existe no país uma legislação que regulamente o trabalho cooperado e que o motivo é evitar a manipulação dos interesses legais do trabalhadores e trabalhadoras.
Em virtude disso, foi que, com o passar do tempo, a Incubadora deixou de apoiar cooperativas de trabalho, para apoiar as cooperativas de produção, ou seja, onde os (as) trabalhadores (as) fazem todo o processo, desde a produção até a venda do produto.
Em 2004, surgiu o Projeto ‘Cooperativas Sociais’ com o intuito de dar oportunidade aos egressos dos Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS), ex-dependentes químicos e transplantados de rins, entre outros. "A diferença entre cooperativa social e a não-social é que, pela lei, qualquer pessoa pode ser sócio-voluntário. Seria algo entre uma ONG e uma cooperativa", informou.
"As cooperativas sociais significam inclusão social por meio do trabalho. É uma oportunidade para esse público que geralmente é excluído da sociedade", ressaltou. Este tipo de empreendimento está regulamentado pela Lei das Cooperativas Sociais, nº 9.867, sancionada em novembro de 1999.
Osmar explicou que o processo de incubação, geralmente, dura um ano e, durante todo o período, é realizado constante processo de capacitação, para que os cooperados entendam como funciona uma cooperativa, a legislação, administração, trabalho coletivo e autogestionário, entre outros.
O professor explicou que nos primeiros seis meses a cooperativa fica em incubação e depois é legalizada. Nos outros seis meses é feito apenas o trabalho de acompanhamento. "A incubação de um empreendimento é um meio de conhecimento e não apenas uma forma de gerar economia", ressaltou.
Ele comentou também que nem todos os empreendimentos conseguem se manter depois que saem da incubadora, devido ao custo de investimento necessário para a produção, geralmente alto, já que o capital social dos grupos é baixo, se comparados aos custos exigidos para o investimento da produção.
Cerca de 45 empreendimentos receberam o apoio da Incubadora de Cooperativas Populares da UFC, desde a sua criação. Mais informações pelo site: www.incubadora.ufc.br.
Fonte: Adital