Estudo sobre quilombo do Maranhão vira livro
O lançamento do livro “O Quilombo de Frechal”, nesta quarta-feira (27), na Câmara dos Deputados, recebe o apoio das Frentes Parlamentares pela Igualdade Racial e em Defesa dos Quilombolas. O livro mostra um estudo sobre a comunidade de descendentes de
Publicado 26/06/2007 12:58
O autor da obra é o antropólogo italiano Roberto Malighetti, professor da Universidade de Milão e que viveu anos no Maranhão para realizar o trabalho de campo. Ele estará em Brasília para o lançamento.
Publicada pela editora do Senado, a obra analisa a construção da identidade na primeira comunidade brasileira de remanescentes de escravos legalmente reconhecida no país, localizada na Baixada Maranhense.
A decisão foi baseada em um dispositivo constitucional que reconhece aos descendentes de antigos quilombolas no Brasil a posse da terra em que vivem e trabalham, o que, aponta Malighetti no livro, transformou a comunidade de Frechal de objeto de escravidão, discriminação e racismo em sujeito etnopolítico.
O “O Quilombo de Frechal” não é apenas um estudo particularizado que se dedica a descobrir uma forma de identidade coletiva numa comunidade de quilombolas em luta contra um latifundiário, com o fim de ver reconhecidos seus direitos à terra. É também um claro exemplo de como a antropologia, através de estudos particularizados e circunscritos, está em condições de falar de problemas de interesse amplo e global e de voltar-se a um público que está para lá do muro dos especialistas.
Os leitores irão encontrar no livro, ao mesmo tempo, temas de natureza teórica e também a oportunidade de familiarizar-se com uma história representativa de tantas outras típicas da época atual, que envolve ameaças, exploração, violência, uma questão legal, a intervenção dos sindicatos e das organizações de defesa das populações “nativas” e do meio ambiente, chegando ao surgimento de uma identidade coletiva capaz de opor-se a tudo isso. Esse o mérito de Malighetti na obra: contar estes temas fortes, embutindo-os na problemática e nem sempre linear relação do etnógrafo com seus interlocutores.
Malighetti é professor de Antropologia Cultural da Universidade de Milão e há anos estudioso de problemas brasileiros. Teve a idéia para o livro ao fazer pesquisa de campo no Maranhão, onde dedicou particular atenção às culturas de origem africana e chegou a dar aulas na Universidade Federal do Estado.