Gilberto Gil propõe “Protocolo de Kyoto” para a cultura
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, propôs nesta quarta-feira (27) a adoção de um “Protocolo de Kyoto” para sua área, que estabeleceria limites à crescente “uniformidade” e “homogeneidade” dos mercados culturais. A declaração de Gil foi feita na inaugura
Publicado 27/06/2007 21:29
Segundo o ministro, “talvez se chegue à conclusão de que os níveis de uniformidade e homogeneidade do mercado cultural são tão mensuráveis como os níveis de monóxido de carbono no ar”.
Gil afirmou que “se deveriam incorporar alguns mecanismos de compensação para o impacto cultural que têm grandes obras de infra-estrutura” e convencer os bancos e instituições que financiam o desenvolvimento sobre essa proposta.
Os “ativistas culturais”, de acordo com Gil, são hoje similares aos defensores do meio ambiente – que até pouco tempo “eram vistos como uma minoria de radicais opostos às políticas que colocavam o mundo em risco”.
Gil destacou que aqueles que defendem a diversidade cultural lutam para que “não sejam perdidos línguas, saberes tradicionais e crenças, tão difíceis de recuperar, como o próprio meio ambiente”.
Em entrevista coletiva junto do representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, Gil avaliou a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, adotada por esta entidade da ONU em outubro de 2005 e até agora ratificada por 55 países, entre eles o Brasil.
Ele destacou que essa convenção dá aos países as ferramentas necessárias para “trabalharem na preservação das culturas sem serem acusados de protecionismo” e na defesa de seu próprio patrimônio cultural, sem “comprometer o futuro pela falta de passado”.
O seminário conta com a participação de vários convidados estrangeiros, como o jornalista espanhol Ignacio Ramonet, o antropólogo argentino Miguel Bartolomé e o economista colombiano Omar López Duarte.