Israelense morre no Líbano vitimado por mina de seu país
Um soldado israelense morreu nesta quarta-feira (23/8) e três ficaram feridos quando uma mina terrestre plantada pelo Exército de Israel explodiu no sul libanês, divulgou o comando militar israelense.
Publicado 23/08/2006 15:33
Pouco depois, três soldados libaneses morreram enquanto tentavam desativar um artefato — o governo do Líbano não descreveu que tipo de arma nem a quem pertenceria — não detonado no sul do Líbano, informaram autoridades locais. Os três soldados libaneses perderam a vida perto da aldeia de Tibnine.
Crimes de guerra
A Anistia Internacional afirmou que existem claros indícios de que Israel executou uma destruição deliberada da infra-estrutura civil do Líbano durante a recente agressão israelense contra o país. O Estado israelense pode ser acusado de crimes de guerra.
A entidade divulgou ontem (22), em sua sede em Londres, um relatório afirmando que Israel descumpriu ''concretamente'' a proibição de realizar ataques indiscriminados e desproporcionais, podendo ter cometido outras violações do direito internacional, como ataques diretos contra alvos civis.
A destruição por parte de Israel de milhares de casas e o bombardeio contra inúmeras pontes e estradas ''faziam parte da estratégia militar de Israel no Líbano, e não foram simplesmente ''danos colaterais'' resultantes da legítima perseguição de alvos militares'', diz o relatório.
Proposital
A organização de defesa dos direitos humanos ressalta que a ONU precisa realizar ''uma investigação urgente, exaustiva e independente'' sobre as graves infrações ao direito internacional humanitário supostamente cometidas pelo Estado de Israel e pela Resistência Islâmica, grupo armado do Hezbolá.
O relatório, intitulado ''Destruição deliberada ou 'dano colateral'? Ataques israelenses contra a infra-estrutura civil'', avalia a atuação de Israel no conflito e se baseia nas informações coletadas pelas últimas delegações de investigação da Anistia que visitaram a região.
''Israel afirma que os ataques contra infra-estruturas foram legítimos, mas isso é evidentemente falso. Muitas das agressões assinaladas em nosso relatório são crimes de guerra, como ataques indiscriminados e desproporcionais'', disse a secretária-geral adjunta da Anistia, Kate Gilmore.
Na opinião de Gilmore, ''existem claros indícios de que a destruição em massa de instalações de energia e água, assim como de infra-estrutura de transporte, imprescindível para a distribuição de alimentos e outros tipos de ajuda humanitária, foi proposital e fazia parte de uma estratégia militar''.
Gilmore declarou ainda que ''o padrão, o alcance e a escala dos ataques não torna crível a afirmação de Israel de que foram 'danos colaterais'''. A secretária-geral adjunta da Anistia ressaltou que as vítimas civis de ambas as partes ''merecem justiça''.
''Dada à gravidade dos abusos perpetrados, é urgente uma investigação sobre a conduta de ambas as partes. Os autores dos crimes de guerra devem responder por seus atos e as vítimas têm direito a uma reparação'', disse.