Saída definitiva do País de profissionais de alta qualificação se acentuou e tem deixado especialistas em alerta
Graças às políticas educacionais de inclusão dos governos Lula e Dilma (2003-2016), estudantes pretos e pardos – que compõem a população negra – se tornam, pela primeira vez, maioria no ensino superior público. Conforme o informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, os negros representavam 50,3% dos alunos de faculdades e universidades públicas em 2018. Apesar de responderem por 55,8% dos brasileiros, é a primeira vez que pretos e pardos dominam as matrículas dessas instituições.
Mesmo com o recente desbloqueio de R$ 44 milhões de reais, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) passa por uma situação financeira desesperadora. O valor liberado pelo Ministério da Educação na segunda-feira 30 será usado para quitar as faturas de junho e julho com empresas que prestam serviços de alimentação, limpeza e manutenção externa, bem como para pagar a conta de energia elétrica referente a fevereiro.
O documento assinado por 23 ex-presidentes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) foi lançado nesta terça-feira (17) e alerta que mais de 300 unidades universitárias serão afetadas se o bloqueio de recursos feito pelo governo Bolsonaro não for revertido.
Mais de 40 universidades e institutos federais já criticaram o “Future-se”, o mais privatista dos programas do governo Bolsonaro (PSL) para a educação. A medida, anunciado pelo MEC (Ministério da Educação), abre as instituições públicas de ensino superior para a entrada desenfreada de recursos e projetos da iniciativa privada. A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) foram além e já se manifestaram oficialmente contra a adesão ao programa.
O Future-se tem um nome pomposo, mas, como na publicidade, mascara defeitos. O programa serve ao governo para tirar dinheiro das universidades públicas e fugir da sua responsabilidade constitucional.
*Por Jean Paul Prates
A atual gestão da Universidade de Brasília (UnB) teme pela manutenção da instituição a partir do próximo ano, com risco de cortes de contratos, suspensões de obras e desabastecimento dos laboratórios.
O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro criticou o “Future-se”, lançado de improviso na última quarta-feira (17) pelo governo Bolsonaro. O plano, de viés neoliberal, quer abrir as universidades federais para uma ofensiva da iniciativa privada. “É um projeto preocupante, porque se concentra somente em certos setores da vida universitária, que são aqueles setores que podem ter repercussão empresarial”, afirmou Janine Ribeiro à revista Época. “É um cheque em branco.”
Tudo neste projeto baseia-se na ideia de investir menos dinheiro público nas universidades públicas. E cada ação aparece como justificadora do centro político deste objetivo cristalino. Mais dinheiro privado, mais cortes, mais arrocho para investir o menos possível.
Na nota, os representantes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes) cobram a garantia do reconhecimento da expressão legítima da vontade da instituição, também com o claro benefício político e administrativo de que, dessa maneira, contribuiremos para a agregação interna de uma comunidade voltada à realização de ensino, pesquisa e extensão de qualidade.
Na última quarta-feira (16), com a presença do Secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Inácio Arruda, foram realizadas a eleição e a posse da nova diretoria do Conselho de Reitores das Universidades Cearenses (Cruc).
A adoção de cotas pela USP foi tardia e fruto de mais de uma década de luta de toda a comunidade universitária em torno do tema.
Por Bianca Borges*