Victória Grabois massageia suavemente as costas, doloridas. Há horas está sentada em frente ao computador, escrevendo e-mails para tentar localizar parentes de estudantes e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985).
Por Lamia Oualalou, no Opera Mundi
Com homenagem a Frei Tito de Alencar e Bergson Gurjão, que terá seus restos mortais finalmente enterrados pela família, a 28ª Caravana da Anistia chega a Fortaleza (CE) e julga, nos dias 5 e 6 de outubro, mais de 70 processos de anistia política – todos de cearenses que afirmam ter sido perseguidos durante a ditadura militar. O evento, realizado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, será aberto segunda-feira (5), às 9h30, na Assembléia Legislativa do Ceará.
A partir deste domingo (27), o Governo Federal iniciou a veiculação de comerciais na TV para estimular a entrega de documentos sobre a ditadura militar (1964-1985). Serão três filmes, com depoimentos de familiares de desaparecidos políticos, com o objetivo de mobilizar a sociedade para recolher informações do período de 1964 a 1985 que permitam a localização dos corpos dos desaparecidos políticos.
A Lei de Anistia que indultou ativistas de esquerda e torturadores, em agosto de 1979, pode sofrer um revés para aqueles que praticaram torturas durante o período de exceção. Está em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal) uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) apresentada pela OAB questionando a extensão do benefício aos torturadores. A ação não considera que os crimes de tortura se enquadrem nos crimes conexos.
Poe Lúcia Rodrigues, na Caros Amigos
Governo lança campanha publicitária de incentivo à entrega de documentos e informações sobre a localização de desaparecidos no período da ditadura militar no Brasil.
Durante sessão da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, realizada em São Domingos do Araguaia, no sul do Pará, em 18 de junho deste ano, foi exibido um vídeo de homenagem aos guerrilheiros do Araguaia e moradores da região perseguidos pela ditadura. A TV Vermelho teve acesso ao material inédito e agora o disponibiliza na rede. No total, foram protocolados 304 pedidos de anistia política referentes à Guerrilha do Araguaia, incluindo requerimentos de militantes (26) e camponeses (278).
O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, afirmou nesta quinta-feira (24), em audiência pública na Câmara, que nenhuma das formas de conectividade previstas na ordem jurídica brasileira trata os crimes cometidos pelos torturadores da mesma forma que os imputados aos torturados. Na avaliação dele, não há sustentabilidade jurídica para que os crimes de tortura praticados durante a ditadura militar (1964-1985) sejam anistiados.
O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, afirmou nesta quinta-feira (24), em audiência pública na Câmara, que nenhuma das formas de conectividade previstas na ordem jurídica brasileira trata os crimes cometidos pelos torturadores da mesma forma que os imputados aos torturados. Na avaliação dele, não há sustentabilidade jurídica para que os crimes de tortura praticados durante a ditadura militar (1964-1985) sejam anistiados.
Em “direito à memória e a verdade” cinco acadêmicos mortos no período da ditadura militar no Brasil foram homenageados por um memorial instalado no teatro TUCA, da PUC-SP, em evento ocorrido nesta terça-feira, 22 de setembro, data que marca a invasão da PUC ocorrida há 32 anos pelos militares.
Mataram o operário por engano, simularam um suicídio e tentaram esconder o corpo. É desta tragédia humana que vou tratar aqui hoje com conhecimento de causa.
por Ricardo Kotscho
no blog Balaio do Kotscho
“Lembro das primeiras horas de tortura. Os agentes não puseram capuz em mim e aquilo representava uma sentença de morte”. Aos 70 anos, Aurélio Peres ainda lembra com detalhes dos dias em que esteve preso. Hoje, o ex-militante do PCdoB e primeiro operário eleito deputado no pós-ditadura comemora, no prédio da Estação Pinacoteca – onde funcionou o Departamento Estadual de Ordem Política e Social – o fato de finalmente ter ouvido do Estado o pedido de perdão pelos males que lhe foram causados.
Em março de 1980, uma mulher procurou o advogado Luís Eduardo Greenhalgh em seu escritório em São Paulo e, ao ser recebida, deu-lhe um susto: era Victória Grabois, filha de Maurício Grabois, mulher de Gilberto Olímpio Maria e irmã de André Grabois — militantes do PCdoB desaparecidos na Guerrilha do Araguaia (1972-1975). A hoje pesquisadora começava a encerrar quase 16 anos de clandestinidade, condição de muitos brasileiros perseguidos pela ditadura militar que se aproximava do seu fim.