Cansado de ouvir comentários ofensivos e relatos de violência contra praticantes de religiões afro, Léo Akin Olakunde, um candomblecista do Rio de Janeiro se juntou a um amigo e à namorada para criar o aplicativo Oro Orum-Axé eu respeito.
“Quebra tudo, quebra tudo!” A ordem partia de um suposto traficante, em Nova Iguaçu (RJ), e era dirigida a uma mãe de santo nas imagens que ganharam as redes sociais, na semana passada. Ele continuava. “O sangue de Jesus tem poder! Arrebenta as guias todas! Todo o mal tem que ser desfeito, em nome de Jesus!” Foi o sétimo registro de depredações e ataques a terreiros no mês, apenas na Baixada Fluminense.
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, foi instituído em 2007 pela Lei nº 11.635. A data, proposta por um deputado do estado da Bahia, rememora o dia do falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum (BA), vítima de intolerância por ser praticante de religião de matriz africana.
No próximo sábado, 21 de janeiro, será celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data, que foi instituída através da Lei 11.635/2007 e teve origem no Projeto do deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), este ano completa dez anos de sancionada e surgiu como uma homenagem à Iyalorixá Gildásia dos Santos – a Mãe Gilda.
No dia 14 de junho de 2015, Kaylane Campos, então com 11 anos, foi parar nas páginas dos principais veículos de imprensa do Brasil, com um curativo na testa que ganhou após ser apedrejada por evangélicos. Naquele domingo, a menina foi atacada após sair de uma celebração do Candomblé, acompanhada por amigos e familiares, na Vila da Penha, no Rio de Janeiro.
Intolerância religiosa é crime, assim como o racismo, e podem ser denunciados discando o número 100. O chamado Disque 100, principal canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos para registro de denúncias, contabilizou no ano passado o total de 556 denúncias de intolerância religiosa no Brasil. Os registros não condizem com a realidade brasileira, mas há cinco anos, quando o serviço começou a registrar as denúncias, foram realizadas apenas 15. Hoje, o canal registra aumento de 3.706%
Vivemos um dos momentos mais conturbados da história da humanidade. Um período parecido com o que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, em que nacionalismos e separatismos, bem como conflitos que opunham etnias e religiões, mascaravam as verdadeiras razões políticas e econômicas subjacentes àquela época -como a crise da Bolsa de Valores, de 1929, e a Grande Depressão. Cenários como esses propiciam e potencializam sentimentos de xenofobia, ódio, intolerância e racismo.
Por Maurício Pestana *
Com passos firmes e olhos emocionados, Mãe Baiana mostra o que restou do terreiro Ylê Axé Oyá Bagan, no Distrito Federal, que ela levou cerca de 15 anos para erguer. Pouco sobreviveu ao incêndio ocorrido há mais de um mês: paredes destruídas, retalhos do que foi uma toalha rendada e um pedaço de ferro torcido de um atabaque, instrumento de percussão.
O respeito e a preservação da diversidade cultural, o que inclui o repúdio e o combate à intolerância religiosa, são umas das prioridades do ministro Juca Ferreira em sua gestão à frente do Ministério da Cultura (MinC).
Por Camila Campanerut*, no MinC
Representantes de religiões de matrizes africanas repudiaram os recentes ataques a terreiros de candomblé em Brasília e nas cidades localizadas no entorno da capital federal. O ato foi realizado neste sábado (28), no Distrito Federal.
Aos 77 anos, Maria do Nascimento é uma das principais referências do candomblé no Rio de Janeiro. Com raízes na mais alta linhagem do candomblé da Bahia, Mãe Meninazinha de Oxum, como é conhecida, faz de sua vida uma luta contra a intolerância religiosa e em favor da divulgação da contribuição dos terreiros para a cultura brasileira.