Em um contexto de seca, latifúndios improdutivos e muito desemprego, milhares de sertanejos não pestanejaram em seguir Antônio Conselheiro, cujas pregações mesclavam religião e crítica social e se apoiavam na crença de uma salvação milagrosa
O Portal Vermelho presta mais uma homenagem a José Carlos Ruy, jornalista, escritor, pesquisador da história e do marxismo e nosso colunista, falecido no dia 2 de fevereiro. Republicamos seu artigo sobre Machado de Assis, um de seus autores prediletos e sobre o qual deixa uma obra póstuma a ser lançada ainda este ano.
A casa, bicentenária, continua de pé no centro de Quixeramobim. Nela nasceu, em 1830, Antônio Vicente Mendes Maciel, o homem que peregrinaria do Ceará à Bahia, e que juntaria, em torno de si, a mais significativa experiência de vida comunitária do século dezenove.
Por Joan Edesson de Oliveira*
A obra mais popular e, com justiça, mais importante escrita por um estudioso da história do Brasil no início do século 20 foi Os Sertões, de Euclides da Cunha, que faz um relato humano, científico e dramático da luta popular dirigida por Antonio Conselheiro em Canudos, no interior da Bahia.
Por José Carlos Ruy
Euclides da Cunha acompanhou a chamada Guerra de Canudos. Ali, foi correspondente de guerra do jornal “O Estado de São Paulo”. Republicano, chegou a Canudos com a ideia de que aquilo era um foco monarquista, que precisava a todo custo ser combatido. Era, como ele próprio escreveu em dois artigos, “a nossa Vendeia”, referindo-se à contrarrevolução francesa. Aos poucos sua visão foi se modificando. Cinco anos depois do final da guerra lançou “Os sertões”, obra-prima sobre aqueles acontecimentos.
A fé e a devoção são algumas das características mais marcantes do sertanejo. Um dos alicerces da sociedade durante muitos séculos, a Igreja Católica sempre determinou regras para o exercício da religião. Neste contexto de busca pela espiritualidade, muitas pessoas seguiram Antônio Conselheiro pelo sertão nordestino até a fundação de Canudos.
Após o fim da Guerra de Canudos, em 1897, a história do conflito no interior da Bahia virou livro. A obra "Os Sertões", de Euclides da Cunha, foi publicada em 1902 e desde então virou referência da Guerra até os dias atuais.
"Em 2017, comemoram-se 120 anos da Guerra de Canudos. Ao lembrar-me desse fato, rememoro o colonialismo mental forjado sob a influência do pensamento positivista no Brasil. Uma moda seguida por uma elite nacional europeizada, uma prova de que pensamentos mal digeridos, aplicados a outras realidades, culturas e processos civilizatórios, sem passar por sérios questionamentos, podem resultar em tragédias e graves crises humanitárias”.
Por *Rosemberg Cariry
Há 120 anos, acontecia o estopim para um dos conflitos mais sangrentos da história brasileira. A Guerra de Canudos tem suas raízes fincadas em Quixeramobim, cidade natal do beato e líder Antônio Conselheiro.
Por Domitila Andrade, do jornal O Povo