No último dia 20 de março, a morte de Graciliano Ramos completou 60 anos. Seis décadas sem a caneta áspera e feroz do autor, um dos gênios da literatura brasileira. Em entrevista, o professor e escritor Dênis de Moraes fala um pouco quem foi essa grande figura para a literatura, política e cultura brasileiras.
Reavaliada 120 anos depois de seu início, em 27 de outubro de 1892, a extraordinária trajetória pessoal, literária, intelectual e política de Graciliano Ramos contada por seu melhor biógrafo ganha nova edição, ampliada e revisada, pela Boitempo Editorial.
No blog de Luis Nassif, houve certa vez uma discussão que julgamos oportuno recuperar. A partir de um motivo remoto, nessas voltas e inesperados que ocorrem em todo blog, um participante comentou sobre Guimarães Rosa a pretexto de comentar sobre ecologia. E como um pretexto leva a outro, algo assim como, se queres ferir um homem, podes sempre dizer, “e por falar nisso”, para agredi-lo com um golpe na cara, de Guimarães Rosa atingiu-se Graciliano Ramos. Nos termos a seguir:
Por Urariano Mota*
Uma noite chegaram-nos gritos medonhos do pavilhão dos primários, informações confusas de vozes numerosas. Aplicando o ouvido, percebemos que Olga Prestes e Elisa Berger iam ser entregues à Gestapo: àquela hora tentavam arrancá-las da sala 4. As mulheres resistiam, e perto os homens se desmandavam em terrível barulho. Tinham recebido aviso, e daí o furioso protesto, embora a polícia jurasse que haveria apenas mudança de prisão.
Graciliano Ramos