O presidente da Câmara dos Deputados da Bolívia, Sérgio Choque, denuncia o golpe de Estado que afastou o presidente Evo Morales “a partir da pressão dos setores ligados à direita, com a perseguição de dirigentes, queima de residências de deputados e senadores, e mais o sequestro de familiares”. Nesta entrevista exclusiva a Leonardo Wexell Severo*, de La Paz, Bolívia, Sérgio condena o assassinato de manifestantes, “cruelmente alvejados pelas balas do Exército”.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse neste domingo (1º) que o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, sofreu um golpe de Estado. Sob ataque das Forças Armadas e das elites bolivianas, Evo renunciou ao cargo e está exilado no México.
Os militares bolivianos forçaram o presidente Evo Morales a renunciar – esta é a definição clássica de golpe de Estado. Agora, o país está preso em uma espiral de horrores à medida que o regime de extrema-direita e do terror se consolida.
Por Gabriel Hetland, na Jacobin | Tradução, adaptação e seleção de trechos: José Carlos Ruy (Vermelho)
Primeiro indígena a ser eleito presidente da Bolívia, Evo Morales está na Cidade do México, com intensa agenda de entrevistas. Manteve o hábito de levantar-se de madrugada desde que se tornou asilado político, após ser deposto por um golpe militar. Em entrevista à BBC News Mundo, ele afirma que a OEA (Organização dos Estados Americanos) “também é responsável pelo golpe de Estado” e diz que o novo governo na Bolívia, uma “ditadura”, terá resistência de movimentos sociais e indígenas. Confira.
Com a Whipala, símbolo da Pátria, tremulando ao alto, uma gigantesca marcha tomou La Paz nesta quinta-feira (14) contra o golpe de Estado e garantiu que o Senado e Câmara da Bolívia passem a ser presididos respectivamente por Mônica Eva Copa e Sérgio Choque, do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido do presidente Evo Morales, maioria no parlamento.
Por Leonardo Wexell Severo
O golpe na Bolívia, diz o ex-chanceler Celso Amorim, foi uma reação aos levantes populares no Chile e no Equador e à eleição de Alberto Fernández na Argentina e integra a disputa intestina pelo poder na América do Sul. Por experiência própria, o ex-ministro, que mediou em 2008 conflitos no país, conhece a veia “conspiratória” da oposição boliviana e a influência profunda dos Estados Unidos na região.
Por Sergio Lirio
Mais cedo saudei o presidente Evo pela decisão de convocar novas eleições. Evo buscava a construção da paz no seu país. A extrema direita não suportou perder as eleições pela quarta vez consecutiva, fez o uso da violência e desferiu um duro golpe cívico, político e policial contra Evo e a democracia na Bolívia.
*Perpétua Almeida
O golpe de Estado a que foi submetido o povo boliviano, por meio da pressão das Forças Armadas para que o presidente Evo Morales e seu alto escalão renunciasse ao governo, expõe o avanço acelerado das milícias religiosas conservadores na América Latina e o racismo delas contra os povos originários indígenas e os negros latinos.
Por Yuri Silva*
Entidades nacionais e mundiais denunciam o golpe de Estado na Bolívia contra o governo Evo Morales. Liderado pelas Forças Armadas bolivianas, a manobra levou à renúncia não só de Evo, que foi reeleito presidente no mês passado – mas também de seu vice, Álvaro Linera, e dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. No Brasil, entidades estudantis e sindicais repudiaram o golpe. O Conselho Mundial da Paz (CMP), presidido pela brasileira Socorro Gomes, também se manifestou.
Há duas coisas em comum entre os países latino-americanos: a grande desigualdade e a dependência em relação às grandes potências, principalmente os EUA. “São coisas centrais que mexem com a política na região. De alguma maneira, o povo latino-americano está mexendo nisso e reações virão. Essa coisa que está acontecendo na Bolívia é uma reação.”