Fundação Renova deverá rever processos para impedir a discriminação de gênero, que tem dificultado acesso a indenizações pelas vítimas impactadas com a tragédia de Mariana
Três pilhas próximas ao povoado de Santa Rita Durão foram interditadas pela Agência Nacional de Mineração. Vale diz que não há necessidade de remoção das famílias
Estudo realizado em 15 municípios indica que a população continua sofrendo com os efeitos do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, ocorrido em 2015
De acordo com o estudo “A conta chegou: o terceiro ano da destruição ambiental sob Jair Bolsonaro”, o Ibama teve à sua disposição no ano passado R$ 219 milhões, mas só liquidou 41% disso, ou R$ 88 milhões
O maior acidente ambiental brasileiro trouxe luz à importância de protegermos nossa costa, mares e oceano.
Parcela da população acredita que a Vale esteja cumprindo todas as suas obrigações, já que a empresa gasta milhões de reais em propaganda
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (1) a Operação Mácula para apurar a origem e autoria do derramamento de óleo que atingiu mais de 250 praias do Nordeste. Além de descartar a “fake news” de que o óleo tinha origem venezuelana, a ação cumpriu dois mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro – na Lachmann Agência Martítima e na Witt O Brien’s. Essas empresas teriam relação com o navio mercante Boubalina, de propriedade da Delta Tankers, apontado como a origem da mancha de óleo.
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) divulgou mapas para identificar pontos do litoral do Nordeste atingidos por manchas de óleo. O desastre ambiental afetou 249 localidades, em 92 municípios, dos nove estados da região (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). Além de danos a 14 unidades de conservação, ao longo de 2.500 km da costa brasileira, houve morte de animais e prejuízos à economia local.
Depois das criminosas queimadas na Amazônia, um novo desastre ambiental – ainda sem um horizonte claro de solução – atingiu em cheio a popularidade da gestão Jair Bolsonaro (PSL). Auxiliares próximos do presidente admitem que a contaminação das praias no Nordeste por petróleo prejudicou a imagem do governo. O desgaste ocorreu (e deve se intensificar) não só entre o eleitorado nordestino, mas também junto à classe média urbana.
O Ministério do Meio Ambiente da gestão Jair Bolsonaro (PSL) tinha em mãos um manual para implantar o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional, o PNC. Mas o governo cometeu uma série de violações nos processos listados no documento ao reagir ao derramamento no Nordeste. Se observados, os critérios levariam ao acionamento do plano em 2 de setembro – mas a medida só ocorreu 41 dias depois, em 11 de outubro.
Os danos causados pela mancha de óleo que atinge boa parte do litoral do Nordeste desde 30 de agosto vão se estender por décadas. “A contaminação química dura muito mais tempo do que aquilo que a poluição visual pode sugerir”, explica a oceanógrafa Mariana Thevenin, uma das articuladoras do grupo de voluntários Guardiões do Litoral, que se formou em Salvador para limpar praias, estuários e manguezais desde que a contaminação chegou à costa da Bahia.
Diante do vazamento de petróleo no Nordeste – um dos maiores desastres ambientais no País –, duas reações oficiais se destacaram. De um lado, há a omissão do governo Jair Bolsonaro (PSL), que sequer acionou o Plano Nacional de Contingência (PNC). Em contrapartida, sobressai a resposta dos governantes da região, com o apoio de prefeituras, ONGs e sociedade civil. É nesse segundo ponto que se evidencia a competente atuação de José Bertotti, um gestor público que é membro do PCdoB.
Por André Cintra