Apesar das diferenças, vale a pena atentarmos um pouco à história da cólera ao longo do século XIX, que testemunhou seis pandemias durante 60 de seus cem anos.
Um dos temas mais controversos da Minustah (tropas da ONU): a responsabilidade pela disseminação do surto de cólera que se abateu sobre o país e matou quase 10 mil pessoas. Em entrevista, o professor Ricardo Seitenfus fala sobre a "mancha na história das Nações Unidas com seus membros mais frágeis como é o caso do Haiti"
Cerca de 2.400 quilômetros ao sul de Nova York, onde vítimas do cólera no Haiti estão processando a Organização das Nações Unidas (ONU) em um tribunal federal norte-americano, a epidemia continua dizimando a população. Em uma única semana, entre 19 e 26 de setembro, a Organização Pan-Americana de Saúde registrou 1.512 novos casos e 31 mortos. As infecções são registradas nos dez departamentos do país.
Por Thalif Deen e Patrick Saint-Pre*
Um grupo de advogados que representa as vítimas do surto de cólera que assola o Haiti desde 2010 ameaçaram, nesta quarta-feira (8), levar aos tribunais internacionais a Organização das Nações Unidas (ONU), se em um prazo de 60 dias a entidade não responder ao pedido e seguir se negando a indenizar as milhares de pessoas infectadas.
A república do Haiti comemora nesta terça-feira (1º) os 209 anos de independência da França, sob a sombra de continuar sendo o país mais pobre da América, submerso em uma crise econômico-social e ainda severamente afetado pelas consequências do terremoto e a epidemia de cólera que se propagou durante os últimos anos.
Um estudo realizado no Haiti revelou uma alta possibilidade de que a epidemia de cólera que afeta o país caribenho há dois anos e que matou mais de sete mil pessoas foi introduzida em Porto Príncipe por soldados do Nepal membros da Missão das Nações Unidas para Estabilização (Minustah).
A epidemia de cólera no Haiti matou mais de 5.500 pessoas e infectou pelo menos 363 mil desde que surgiu no país em outubro, segundo dados oficiais do governo. Relatório publicado na edição de julho do jornal Doenças Infecciosas Emergentes, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, concluiu que a doença chegou ao país por meio de militares do Nepal que atuam na Missão de Paz das Nações Unidas (Minustah).
Surtos de cólera como os que recentemente atingiram Haiti e República dos Camarões podem ser previstos com meses de antecedência pela análise da temperatura e da chuva. A conclusão, publicada nesta semana na revista americana "American Journal of Tropical Medicine and Hygiene", é fruto de um estudo do Instituto Internacional de Vacina, em Seoul, na Coréia do Sul.
O Haiti contabiliza hoje 4.625 mortes pela epidemia de cólera, que reapareceu em outubro último depois de mais de um século de erradicada. Segundo informou o Ministério de Saúde Pública em sua página eletrônica, a cifra de infectados subiu para 245.183 e a doença mantém maior pressão na região norte de Artibonite, com 868 mortes.
O governo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, lançou um plano de emergência para evitar uma epidemia de cólera no país, após 37 pessoas terem sido diagnosticadas com a doença. Segundo o Ministério da Saúde, os venezuelanos diagnosticados com a doença foram contaminados durante visita à República Dominicana. Há, ainda, 452 pessoas sob observação porque podem estar infectadas pela bactéria. Há pelo menos dez anos, a Venezuela não registrava casos da doença.
O cólera já matou 3.481 pessoas no Haiti até 29 de dezembro, segundo dados do Ministério da Saúde do país. Porém, especialistas advertem que os números podem ser ainda mais elevados porque os registros não ocorrem de forma ordenada em todas as regiões. De acordo com o governo haitiano, 157,3 mil pessoas foram infectadas desde o início da epidemia, no final de outubro.
O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro,em uma de suas Reflexões, falou nesta quarta-feira (29) sobre a realidade vivenciada no Haiti desde o terremoto de 12 de janeiro. Ele explicou que a solidariedade de Cuba com o povo do Haiti se origina tanto em suas ideias como em sua história. Fidel comentou ainda o esforço e a solidariedade cubana em favor da saúde humana, desde o triunfo da Revolução, que completa 52 anos neste dia 1º.