Na data do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, que marcou este domingo, 21 de março, o professor universitário e integrante da Unegro, Richard Santos, traz neste artigo as ideias do escritor, jornalista e pensador comunista Clóvis Moura. “Podemos encontrar caminhos para interpretar sócio-historicamente a realidade brasileira sob o manto da morte e do genocídio”
Ao longo da história, o racismo foi a justificação dos privilégios das elites e dos infortúnios das classes subalternas. Agora ele se renova como instrumento de dominação
Ter sido educada por ele, exposta a este ambiente intelectual e ao mesmo tempo, à realidade de uma família operária e trabalhadora, foi um grande privilégio para mim e para minhas irmãs Luciana e Mariana. Isso nos deu uma formação política e cultural desde sempre. Plantou em nossa consciência uma visão crítica da sociedade e a paixão pela arte, pelas ciências e pela história.
O portal marxismo21 acaba de publicar um dossiê sobre Clóvis Moura (1925-2003), escritor e ativo intelectual-militante comunista que se destacou pelos estudos sobre a questão racial e a luta e a resistência negra. O dossiê é composto por artigos, livros, teses acadêmicas e outros trabalhos sobre a obra de Clóvis Moura, e também vídeos e áudios, que contribuem para a história e o pensamento social brasileiros. Vermelho publica o texto de abertura do dossiê.
A segunda edição da obra de Clóvis Moura, Dialética Radical do Brasil Negro, será lançada na terça-feira (25) na Fundação Nacional das Artes (Funarte) em São Paulo. Durante o lançamento também acontecerá um debate sobre a questão racial no Brasil. Um dos expositores será Dennis de Oliveira, professor da USP, que concedeu uma entrevista exclusiva para a Rádio Vermelho sobre o tema.
Neste sábado (22), no Centro Cultural São Paulo, durante o seminário “O pensamento Radical de Clóvis Moura”, será lançado a 5ª edição do livro “Rebeliões na Senzala: quilombos, insurreições e guerrilhas”, de autoria do pensador Clóvis Moura.
"A retomada da obra do meu pai [Clóvis Moura] é uma forma de validar toda a vida intelectual e política dele", afirmou a historiadora Soraya Moura, filha de Clóvis Moura, durante entrevista à Rádio Vermelho. "O trabalho intelectual não é para estar em uma prateleira ou para dar nota para teses, ele serve para a sociedade. Esse foi o objetivo de vida meu pai", afirmou Soraya ao falar da luta de Clóvis Moura no campo acadêmico.
Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo
Há um pouco mais de 10 anos falecia Clóvis Moura. Um intelectual difícil de ser definido: historiador, sociólogo, antropólogo, jornalista, poeta. Rompia com as barreiras das disciplinas rigidamente estabelecidas pelas academias. O certo é que ele foi um dos principais estudiosos da situação e das lutas dos negros no Brasil. Mais do que teórico foi um militante da causa emancipadora.