Há males que vêm para bem. A situação do Senador Demóstenes Torres, devido às suas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e a divulgação de conversas gravadas – segundo as quais o parlamentar do DEM teria promovido reuniões da cúpula da máfia dos caça-níqueis em seu próprio apartamento funcional, com o objetivo de discutir estratégias visando à legalização do jogo – nos oferecem a oportunidade de discutir o futuro dessa atividade no Brasil.
Por Mauro Santayana, em seu blog
Os deputados rejeitaram nesta terça-feira (14) o projeto de lei que previa a legalização dos bingos no país. Foram 212 votos contra o projeto, 144 a favor e cinco abstenções. Com a decisão, a atividade continua proibida.
Técnicos dos três Poderes capitaneados pelo Ministério da Justiça emitiram uma nota técnica para municiar os deputados federais de argumentos contra a aprovação do projeto de lei que libera os bingos no país.
Contrário à legalização dos bingos no Brasil, o Ministério da Justiça participou de audiência na manhã desta terça-feira (30) na Câmara dos Deputados sobre o assunto. Representantes de órgãos governamentais, associações de trabalhadores e da sociedade civil estão discutindo substitutivo apresentado pelo deputado Regis de Oliveira (PSC-SP) a oito projetos de lei – além dos bingos, a proposta libera o uso de vídeobingos e caça-níqueis.
Aprovado por larga maioria em todas as comissões técnicas –na CCJ passou com 40 votos contra 7 –, o projeto que legaliza os bingos e caça-níqueis vai agitar os debates do Congresso nas próximas semanas. Com argumentos fortes contra e a favor, os dois lados estão armando um cenário de guerra política em torno da votação em plenário.
"O nosso mundo tremeu nesta semana. A CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] da Câmara aprovou a volta dos bingos e dos caça-níqueis. Quero saber quem aqui não sentiu um frio na espinha com essa notícia. Eu estou com medo, medo por saber que não estou preparada para ver o luminoso do Bingo Itaim se acender. Meu nome é Marisa (os nomes utilizados na reportagem são fictícios). Estou há um ano, quatro meses e cinco dias sem jogar."