Segundo empresário, “ninguém fala que vota no Lula por medo do ódio”
Em seu discurso demagógico na propaganda de TV, Jair Bolsonaro diz que num eventual governo ele vai montar a equipe sem ter indicação política nos ministérios. Mas a prática demonstra que o estelionato eleitoral está em curso.
Uma dimensão pouco explorada sobre o golpe parlamentar/jurídico/midiático que implodiu a democracia brasileira foram as características agrárias que permearam as ações e estratégias que culminaram na retirada da presidenta eleita Dilma Rousseff.
Por Marco Mitidiero*
O líder do Psol na Câmara dos Deputados, Chico Alencar (RJ), a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e seis deputados do PT – Bohn Gass (RS), Nilto Tatto (SP), Patrus Ananias (MG), Paulo Teixeira (SP), João Daniel (SE) e Padre João (MG) – protocolaram esta semana três votos em separado, pedindo a rejeição do substitutivo do relator Luiz Nishimori (PR-PR) ao PL 6299/02, que revoga a atual Lei de Agrotóxicos.
Após quase três horas de obstrução, deputados da Oposição conseguiram barrar a votação do Projeto de Lei (PL) 6299/02, que “regula” defensivos fitossanitários. Na prática, a proposta revoga a atual Lei de Agrotóxicos (7.802/89) e libera o uso amplo dessas substâncias, resultando em mais veneno na comida dos brasileiros e mais prejuízo ao meio ambiente.
Por Christiane Peres
O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxico do mundo, com uma marca que ultrapassa um milhão de toneladas por ano, o equivalente a consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante, conforme apontam dados do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). E na contramão mundial, o país agora quer “flexibilizar” ainda mais o uso dos venenos.
Por Christiane Peres
A Comissão Especial na Câmara dos Deputados, pretende votar nesta semana uma série de 27 Projetos de Lei, que ficaram conhecidos como "Pacote do Veneno" que visam a facilitar ainda mais as regras para registro, fabricação, comercialização e utilização dos agrotóxicos no país.
Enquanto o país está mergulhado numa crise política e institucional que ameaça à democracia, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou neste sábado (28) que pretende atender o lobby da bancada ruralista e votar a urgência para o encaminhamento a votação em plenário de um projeto de lei que tramita Legislativo que prevê o perdão de todo o passivo do Fundo de Assistência do Trabalhador Rural (Funrural) não recolhido e não renegociado.
Pela segunda vez em menos de um ano esta bancada influenciou diretamente a demissão de um presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai). Em maio de 2017, o então presidente Antônio Costa foi exonerado ao trocar farpas com o, à época, ministro da Justiça, Osmar Serráglio, que era líder da bancada ruralista e estaria influenciando o órgão a nomear pessoas ligadas a ele para cargos estratégicos do órgão, e sem conhecimento da área.
Por Ronnie Aldrin Silva*
Atendendo ao pacote de promessas para tentar alcançar os 308 votos mínimos necessários para aprovar a reforma da Previdência, Michel Temer sancionou nesta terça-feira (9) o projeto que prevê o parcelamento das dívidas previdenciárias de produtores rurais com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) em até 176 parcelas, ou seja, quase 15 anos.
O jornal Le Monde desta terça-feira (19) traz uma triste constatação sobre o Brasil. Segundo a correspondente do diário em São Paulo, Claire Gatinois, o país foi dominado pelos "BBBs". A sigla faz referência à "boi", em relação à bancada ruralista, à "bíblia", em relação aos evangélicos e "bala", os partidários do porte de armas. Segundo a repórter, os três Bs influenciam cada vez mais o governo e sociedade brasileira.
Em 2017, a bancada ruralista fez uma série de tentativas – e, em alguns casos, conseguiu – emplacar uma série de retrocessos no campo. Durante todo o ano, o governo golpista de Michel Temer (PMDB) buscou agradar os parlamentares ligados ao agronegócio para tentar aprovar sua principal agenda econômica, a reforma da Previdência. O governo não conseguiu os votos em 2017 para a reforma, que teve a votação adiada para fevereiro de 2018.