Expandir o Presente, Criar o Futuro será lançado com bate-papo e sarau virtual no próximo sábado
Publicado 25/06/2020 02:06
Obra coletiva, o livro Expandir o Presente, Criar o Futuro foi pensado por 16 trabalhadoras de diversas nacionalidades, com diferentes culturas e profissões, para refletir o isolamento social – tão necessário –, defender seu espaço como mulher e respeitar a vida no planeta. Entre março e maio, cada autora escolheu dias que refletiam seu cotidiano em tempos de pandemia de coronavírus.
Surpresa, frustração, insegurança, revolta, descoberta, carinho e busca. O encadeamento entre essas expressões ficou a cabo das professoras Fabíola Notari e Mirlene Simões, além da artista visual Priscila Bellotti.
“A ideia era dar voz ao que estava represado e que foi mais agravado em tempos de pandemia. No caso brasileiro, especificamente, pela ausência de políticas públicas e de direitos, baixos salários, sobrecarga e stress”, explica Mirlene. Na avaliação da doutora em sociologia, “o encontro de mulheres jovens, indígenas, afrodescendentes e de outros países nos permitiu pensar coletivamente e avançar contra a opressão”.
O questionamento aos padrões estabelecidos pela grande mídia sobre a temática feminina também está presente no ebook. Para Mirlene, “mesmo que tenhamos tido avanços no último período em relação à divulgação e à denúncia de temas como a violência contra as mulheres, a abordagem ainda deixa cada uma por si”.
“A questão é que problemas como o machismo estrutural, o feminicídio, a violência e principalmente o aumento de trabalho em casa não são individuais e se aprofundaram com Bolsonaro, necessitando ser enfrentados. Em relação às mulheres dos outros países não sentimos este nível de tensão – elas se manifestam de outras formas”, acrescentou.
Reunindo textos, desenhos, fotografias, filmagens, costuras, remendos, fissuras e bordados, o livro reflete, entre outras vozes, professoras de escolas e universidades, uma poetisa cubana, uma escritora finalista do Jabuti, uma psicanalista, artistas e doutoras. “A seu modo, cada uma de nós procurou elevar o tom e colorir de vida a crítica ao cinza de dificuldades e opressões de sociedades em que as mulheres ainda não são suficientemente valorizadas”, declarou a professora Monica Fonseca Severo.
Em sua avaliação, “infelizmente no nosso país, isso ainda está escancarado nos grandes meios de comunicação, que retroalimentam uma visão extremamente machista, conservadora e alienante, que conduz a um apequenamento das mulheres”. “Acredito que a obra é um grito poético contra isso”, concluiu.
Na obra, Célia Maria Foster Silvestre, pós-doutora em Estudos sobre Democracia afirma que, “no Brasil, o vírus repercute a ausência de humanidade presente na boca que escancara a necropolítica e ri das mortes anunciadas”.
O sarau virtual e bate-papo de lançamento acontecerão no próximo sábado (27), a partir das 15 horas, pelo aplicativo Zoom. O evento poderá ser acompanhado pelo Facebook. Já o e-book será vendido a preço popular, a partir do dia 27/06, pela Banca Vermelha.