Publicado 13/04/2020 15:01
Moraes não morreu.
Nem morreria.
Moraes está vivo em 40 discos, em quatrocentas músicas, em 4 mil carnavais.
Moraes é o pombo-correio.
Moraes era menino, um beduíno com jeito de mercador que vislumbrou os olhos negros (cruéis, tentadores).
E no toque suave do agogô reinventou o ijexá. E assim pintou Moçambique.
Moraes foi o primeiro ser humano a cantar num trio elétrico.
O primeiro!
E quando começaram a falsa contradição entre o frevo pernambucano e a música baiana, foi Moraes que deu o toque, pintou o sotaque baiano… e a fusão se fez.
Moraes saudou as mulheres meninas do Brasil e seus corações democratas, hoje eternizadas nas estátuas de Eliana Kertezs, em Ondina, bairro onde moro.
Todo dia em que passar por lá verei Moraes.
Moraes é imortal, como é o carnaval.
E declaro solenemente que a manhã de 13 de abril de 2020 não existiu.
É só passar um café bem quentinho que Moraes canta bem vivinho:
“Acabou chorare no meio do mundo.
Respirei eu fundo, foi-se tudo pra escanteio
Vi o sapo na lagoa, entre nessa que é boa
Fiz zunzum e pronto
Fiz zum zum e pronto
Fiz zum zum”
Pronto: Moraes vive suave e pleno no coração da Bahia.
E os baianos, novos e bárbaros e crentes na imortalidade de Moraes, sabemos dessa coisa acesa que se perpetuará, em infinitos carnavais.
Eterno Moraes.