Tasso rifa Temer e diz que já discute uma "saída negociada"
O PSDB vendeu gato por lebre e como disse a presidenta Dilma Rousseff, "a história está sendo implacável para com os líderes do golpe". O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), jogou a toalha e disse em entrevista que o Brasil "caminha para a ingovernabilidade" e que Michel Temer deve ser afastado.
Publicado 07/07/2017 11:23
Deixando claro que o governo não deve conseguir barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer por corrupção passiva, Tasso deu sinal verde ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que assuma interinamente o Palácio do Planalto caso o peemedebista seja afastado do cargo.
Principal fiador do golpe, o PSDB insuflou o impeachment para derrubar Dilma e numa aliança com Temer impôs uma agenda de reformas. Com a eleição indireta apoiada pela cúpula tucana, o objetivo é tentar salvar essa agenda, que ficaria inviabilizada em caso de eleições diretas.
"Defendemos as reformas. Se acharmos que Temer não tem mais condições de continuar a conduzi-las, precisamos pensar em uma alternativa", afirmou o senador Ricardo Ferraço (ES), relator da reforma trabalhista.
Tasso, por sua vez, disse: "Na travessia, se vier, tem várias opções. Se vier um afastamento pela Câmara, ele (Maia) é presidente por seis meses. Se Temer renunciasse já seria diferente, mas, se passar a licença para a denúncia, aí ele (Maia) é presidente por seis meses e tem condições de fazer, até pelo cargo que possui na Câmara, de juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o país".
Rifando Temer abertamente, Tasso não escondeu que está aberto para tratar de uma "saída negociada" com Temer. Declarou ainda que já está discutindo o assunto com outras legendas da base aliada. "Acho que o ideal é envolver todos os partidos, inclusive os de esquerda", afirmou.
Em Buenos Aires, na Argentina, Rodrigo Maia (DEM-RJ) comentou a declaração de Tasso. "O senador Tasso é um homem com muita experiência e qualquer um ficaria feliz de ele avaliar que se tenha condições de ajudar o Brasil. (Mas) Acho que na posição na qual estou, já estou ajudando muito", disse. Maia também não desqualificou a denúncia contra Temer, como tem feito outros aliados da base que ele integra. Afirmou que a denúncia contra Temer "tem de ser respeitada".
Os poucos que ainda estão ao lado de Temer avaliam que a movimentação do PSDB e do DEM para tentar viabilizar o nome de Maia como uma alternativa é uma traição. Temer já destacou uma tropa para tentar neutralizar o movimento. A estratégia é fazer uma ação concentrada para garantir o mínimo de votos para mantê-lo no cargo, sem descuidar de aprovar as reformas em tramitação no Congresso, como a trabalhista e a da Previdência.
No entanto, a debandada do governo ganhou força. Rodrigo Maia, que antes assumia a postura de líder do governo, agora resume a sua atuação a um presidente institucional. Nos bastidores, tem realizado mais encontros em sua residência oficial com lideres partidários do que antes.