Argentinos exigem libertação de Milagro Sala depois de 200 dias
A líder indígena argentina Milagro Sala está presa há 200 dias em “medida preventiva” por um suposto caso de corrupção. A acusação contra a dirigente da organização Tupac Amaru é sobre a atuação dela em uma manifestação em frente ao palácio do governo da província de Jujuy, onde os membros do entidade pediam uma audiência com o governador para falar sobre um programa de moradias populares.
Publicado 04/08/2016 15:59
Milagro foi presa dentro de casa no dia 16 de janeiro deste ano com uma operação policial desproporcional, que contou com mais de 40 oficiais. Diante do exagero da ação e da falta de argumentos da Justiça para mantê-la atrás das grades, até o papa Franciso intercedeu junto ao governo argentino para pedir a libertação da dirigente que também é deputada eleita do Parlasul, o Parlamento do Mercosul.
O juiz responsável pela detenção de Milagro, Raúl Gutiérrez, alega “instigação a cometer delitos e tumultos em vias públicas”. Esta é a interpretação dele sobre um acampamento da Tupac Amaru montado em uma praça, próxima ao palácio do governo, como forma de pressionar o governador de Jujuy, Gerardo Morales.
Para ativistas dos direitos humanos da Argentina e de outros países, a detenção de Milagro trata-se de uma criminalização dos movimentos sociais e uma forma de coibir os protestos contra as medidas autoritárias de do presidente Mauricio Macri. A dirigente indígena é a primeira presa política desta nova argentina.
Milagro 200 dias depois
A advogada de Milagro, Elizabeth Gómez Alcorta, afirma que a detenção é um procedimento irregular porque “para manter uma pessoa presa tem que ter provas de que o fato existiu, de que o fato é um delito e da responsabilidade da pessoa sobre este fato, além disso, de que existe um risco de que a pessoa pretende fugir. E nada disso acontece neste caso, nem há causa alguma contra Milagro Sala até agora”, esclareceu.
Além disso, trata-se da detenção de uma parlamentar, que conta com imunidade do parlamento, portanto é uma ação ilegal e “por razões políticas”, explica Elizabeth.
“A lei em Jujuy não existe e isto é algo sumamente grave em termos de um Estado de direito. Nos deixa uma sensação de absoluta vulnerabilidade porque as leis nãos e aplicam em Jujuy”, denuncia a advogada.
Além de Milagro, outros seis membros da organização Tupac Amaru foram presos 48 horas depois da detenção da dirigente e permanecem no cárcere.