Candidatura de Orlando quer barrar influência de Cunha
Diante da fragmentação de candidaturas à presidência da Câmara, o PCdoB decidiu, nesta quarta (13), lançar um nome de sua bancada para a disputa e registrou a postulação de Orlando Silva (PCdoB-SP). O líder do partido, Daniel Almeida (PCdoB-BA), ressaltou que a iniciativa busca evitar que um candidato do Centrão, sob influência do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vença a eleição. Para ele, é necessário resgatar o normal funcionamento do Congresso.
Publicado 13/07/2016 14:18
“Prevaleceu até aqui a pulverização de candidaturas, a maioria das bancadas fez a opção por candidatura própria, com cenário de segundo turno. Então o partido achou melhor colocar o nome do Orlando, um nome da bancada, para explicitar seu ponto de vista, sua opinião sobre esse processo e contribuir para o esforço que nos orienta, que é evitar que o Centrão, a candidatura do Palácio, seja a vitoriosa”, disse Almeida.
Segundo ele, o objetivo do partido é eleger alguém que tenha como objetivo central resgatar o funcionamento “democrático e regimental” da Câmara. A ideia inicial é, portanto, conseguir os votos necessários para que Orlando chegue ao segundo.
Caso isso não aconteça, o PCdoB deverá se posicionar para evitar que chegue à presidência um nome que represente o pacto entre o presidente provisório, Michel Temer (PMDB-SP), e Cunha. “É importante que a Casa se afirme na busca de seu funcionamento normal, sem se submeter a ele [a esse pacto].”
“O grande mal que essa Casa vivencia hoje é a influência de Eduardo Cunha, que pactuou com o Palácio uma alternativa para continuar mantendo sua influência. O grande esforço que devemos fazer é evitar que isso se materialize”, disse Almeida.
Orlando Silva lembrou que a participação do PCdoB em disputas para a presidência da Câmara não é algo novo. Em 2005, o então deputado Aldo Rebelo (SP) assumiu o posto, substituindo Severino Cavalcanti (PP-PE).
“A última vez que o PCdoB se apresentou para essa disputa foi num momento parecido com este, um momento de grave crise na Casa, e que o presidente tinha renunciado. Mesmo com poucos parlamentares, o partido se constituía como alternativa porque é um partido que tem perfil político claro, perfil ideológico nítido, mas tem uma grande capacidade de diálogo”, afirmou.
De acordo com ele, a sigla irá em busca de construir a unidade com as bancadas do PT e do PDT, e também conversará com cada deputado, em busca de apoio.
“A candidatura do PCdoB pode ser a que unifique. O PCdoB se destacou na defesa da democracia, do mandato da presidenta Dilma [Rousseff] e esteve ao lado do PT em uma batalha política tão importante. Nossa expectativa é que o PT reconheça esse gesto. Do mesmo modo, conversei com o presidente do PDT, Carlos Lupi e com o líder Weverton [Rocha]. Eles sinalizaram a hipótese de apoiarem Marcelo Castro, mas ao saberem da nossa candidatura, ficaram de reavaliar a posição. A partir da construção da unidade nesse campo, no qual atuamos cotidianamente aqui, vamos dialogar com todos os deputados”, disse.
Segundo ele, trata-se de uma eleição de transição, na qual os deputados estariam insatisfeitos com as alternativas que surgiram até aqui. “Por isso tenho convicção de que é possível agrupar nosso campo, ampliar pedindo voto a voto e viabilizar a presença no segundo turno. Essa é a meta da nossa candidatura”, encerrou.
A eleição para a presidência da Câmara está marcada para às 16h. Dezessete deputados registraram candidatura.