Morre o torturador da ditadura Carlos Brilhante Ustra
O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu nesta quinta-feira (15) em decorrência de um câncer. Ustra, no entanto, foi o responsável pelo maior câncer da história recente do país. Ele foi o chefe do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna, mais conhecido como DOI-Codi, em São Paulo, o órgão de repressão política durante a ditadura.
Publicado 15/10/2015 15:35
Ele comandou o DOI-Codi de 1970 a 1974. Segundo relatório da Comissão da Verdade, o nome de Brilhante Ustra é responsável pela morte de pelo menos 377 pessoas. Existem seis denúncias contra o coronel encaminhadas pelo Ministério Público Federal (MPF) por mortes e torturas cometidas quando comandou o órgão de repressão.
A última denúncia apresentada contra Ustra pelo Ministério Público foi pela morte do dirigente do PCdoB Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e barbaramente torturado nas dependências do DOI-Codi, em dezembro de 1972.
Na ação, o MPF pede que Ustra e outros dois delegados subordinados a ele respondam por crime de homicídio triplamente qualificado, quando a morte é causada por motivo torpe, com requintes de crueldade e sem direito de defesa da vítima.
Além da ação pela morte de Danielli, também tramitava na Justiça de São Paulo a acusação de crime de sequestro e cárcere privado, pelo desaparecimento de Edgar de Aquino Duarte, fuzileiro naval expulso das Forças Armadas em 1964, que foi mantido encarcerado no DOI-Codi e Deops-SP.
Em recente depoimento à Comissão Nacional da Verdade, Ustra disse que apenas atuou para que o comunismo não fosse implantado no Brasil. Invertendo seu papel na história, disse que matou os que lutavam contra a repressão e o regime de exceção para garantir a “democracia” e chamou a presidenta Dilma Rousseff de “terrorista”.
“Estávamos lutando contra o comunismo. Se não tivéssemos lutado, eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o paredón. Os senhores teriam um regime comunista, como o de Fidel Castro. O Brasil teria virado um ‘Cubão’”, disse ele. Ustra morreu sem ser condenado por seus crimes, mas a história não o absolverá.