Suspeitas se avolumam e CPI do Metrô precisa ser instalada

Desde o fatídico acidente na obra de expansão da linha 4 – Amarela, que vitimou sete trabalhadores e trouxe prejuízos […]

Desde o fatídico acidente na obra de expansão da linha 4 – Amarela, que vitimou sete trabalhadores e trouxe prejuízos exorbitantes para os cofres públicos, o Metrô de São Paulo não para de produzir fatos negativos e desgastes para o governo estadual.

Não bastasse a expansão muito aquém das necessidades de São Paulo e sua região metropolitana, ainda mais com o aumento do número de usuários, as suspeitas e contenciosos envolvendo contratos se avolumam, levando governo e concessionários às barras da justiça.

O acontecimento mais recente foi a suspensão, por ordem da juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, dos contratos de prolongamento da linha 5 – Lilás por suspeitas de fraude na concorrência, numa obra estimada em cerca de R$ 4 bilhões de reais. A mesma decisão suspendeu o presidente da companhia, Sérgio Avelleda. Pesa sobre o Metrô o fato de ter persistido numa concorrência com evidências de favorecimento, uma vez que a proposta vencedora havia sido antecipada por um grande jornal.

Nesta terça (29), o Tribunal de Justiça do estado suspendeu o afastamento de Avelleda, mas não sem apontar: "não há dúvida que são fortes os indícios de fraude no procedimento licitatório", disse em despacho Márcio Franklin Nogueira, desembargador responsável. A continuidade das obras foi também concedida pela justiça.

Em sã consciência, nenhum cidadão – e muito menos os que detêm cargos públicos – pode ser contra a expansão de um serviço vital para a melhoria do transporte público de São Paulo. Principalmente porque o quadro atual do sistema metroviário é para lá de preocupante, com superlotação quase permanente, aumento do tempo de parada entre estações e, consequentemente, atrasos nas viagens.

Também não se deve fazer pré-julgamentos de agentes políticos, como tem feito sistematicamente o bloco de oposição, PSDB-DEM-PPS, em Brasília, quando denúncias envolvem o governo federal.

No entanto, não é admissível que o governo tucano impossibilite eternamente a apuração de denúncias gravíssimas, que comprometem inclusive o valor e os prazos de andamento da já lenta e escassa expansão, o que é um desastre para todo o povo de São Paulo. Para ser coerente com o discurso que faz no Congresso Nacional, o PSDB deveria ser o primeiro a endossar investigação por CPI desses casos.

Desde 2007, o governo manobra e impede a instalação da CPI do Metrô, que tem como um de seus signatários o ex-deputado do PCdoB Nivaldo Santana. Enquanto a investigação dorme em sono forçado nos escaninhos da Assembleia, as suspeitas e complicações se avolumam mais e mais.

Acidentes em sua construção, caso Alstom, problemas na justiça, suspeitas de favorecimento em contratos, afastamento e reintegração de seu presidente, paralização de obras. Definitivamente, São Paulo não pode mais esperar pela instalação da CPI do Metrô.