Nethanyahu estende guerra de extermínio ao Líbano

Sob o argumento de combater o Hezbollah no Líbano, o Exército israelense, sob as ordens de Benjamin Nethanyahu, perpetra crimes de guerra, que, em Gaza, já provocaram a morte de mais de 41 mil pessoas, a maioria crianças e mulheres.

Ao passo que prossegue uma guerra de extermínio contra o povo palestino em Gaza, o governo de extrema-direita de Israel estendeu, desde o último dia 22, esse tipo de guerra contra a população árabe-libanesa, bombardeando, de modo intensivo, o Sul e o Leste do Líbano, além de setores da capital do país, Beirute. As regiões atacadas são majoritariamente controladas pelo Hezbollah, organização política, social e militar libanesa. O Hezbollah, desde a sua fundação, defende a soberania do Líbano, se posiciona fortemente em apoio a causa palestina e mantém estreitas relações com o Irã.

O governo do Líbano, após o ataque à capital do país, protestou em termos veementes: “Ataque a uma área residencial populosa mais uma vez prova que o inimigo israelense não tem consideração por questões humanitárias, legais ou morais, mas continua o que se assemelha a genocídio.”

O comando das forças bélicas israelenses proclama ter como objetivo minar a capacidade militar do Hezbollah, mas o número de vítimas libanesas não para de crescer: mais de setecentos mortos, milhares de feridos e cerca de 90 mil pessoas forçadamente deslocadas para escapar dos bombardeios. A ampla maioria das vítimas são civis.

Se repete no Líbano o que se passa em Gaza. Sob o argumento de combater o Hamas, o Exército israelense, sob as ordens de Benjamin Nethanyahu, perpetra sucessivos crimes de guerra que, em Gaza, já provocaram a morte de mais de quarenta e uma mil pessoas, a maioria crianças e mulheres.

O início da agressão israelense ao Líbano se deu simultaneamente à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Fato que simboliza o completo desrespeito do governo de Nethanyahu à ONU e ao direito internacional. Depois de ostensivamente ignorar as resoluções da ONU sobre os direitos dos palestinos, agora viola a soberania nacional do Líbano, empreendendo a matança da população civil do país. Dezenas de chefes de Estado, da tribuna da ONU, pontuaram o repúdio à agressão ao Líbano, inclusive o presidente do Brasil, Luíz Inácio Lula da Silva.

Nesta sexta-feira, 27 de setembro, Nethanyahu, no púlpito da ONU, de modo arrogante, descartou o cessar-fogo e proclamou que a ofensiva contra o Líbano prosseguirá. Ele foi vaiado pelo plenário e dezenas de representações diplomáticas se retiraram. A representação diplomática brasileira também em protesto não compareceu.

Esse esbanjamento de agressividade e atrocidades por parte do governo Nethanyahu deriva do total apoio dos Estados Unidos da América (EUA), que fornece armamentos sofisticados e material bélico convencional abundante, bilhões de dólares ao ano e apoio de suas bases militares. O imperialismo estadunidense perdeu influência no Oriente Médio e tem o Estado de Israel como seu bastião político e militar na região.

Essa “nova etapa da guerra”, isto é, a ofensiva contra o Hezbollah e a agressão ao Líbano, é urdida já há algum tempo pelo governo da extrema-direita de Tel Aviv. Vejamos. Em 30 de julho, as Forças Armadas de Israel (IDF), num ataque em Beirute, eliminaram Fuad Shukr, um dos principais comandantes militares do Hezbollah. No dia seguinte, 31 de julho, na capital do Irã, Israel mata o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. E a escalada prossegue até chegar a 17 e 18 de setembro, quando explosões de pagers e de walkie-talkies de uso de membros do Hezbollah, resultando em trinta e nove mortes e 2.900 feridos. Entre as vítimas, também grande número de civis.

Diante do relativo fracasso em Gaza, uma vez que Nethanyahu não conseguiu exterminar o Hamas, como prometeu, e nem conseguiu a libertação dos reféns, a impopularidade de seu governo se mantinha elevada. Essa “nova etapa da guerra” foi traçada para tentar reverter a curva descendente de apoio interno. E, ainda, ganhar tempo até a realização das eleições dos Estados Unidos. Nethanyahu se mantém no poder somente à custa de guerras, de sangue do seu próprio povo, mas, sobretudo, dos palestinos, e, agora, dos libaneses.

Impõe-se intensa mobilização das forças democráticas, em todo mundo, em defesa da paz, pelo cessar-fogo imediato tanto em Gaza quanto no Líbano, pelo rechaço aos bombardeios de Israel, cuja escalda pode resultar na chamada “guerra total” no Oriente Médio, de consequências terríveis aos povos da região e ao mundo como um todo.

O Brasil, por intermédio do presidente Lula e do Itamaraty, tem se empenhado pela paz, contra o genocídio do povo palestino em Gaza e, agora, contra a agressão israelense ao Líbano. O país tem motivos especiais para isto, pois conta com a maior comunidade libanesa no mundo, cerca de dez milhões de pessoas, segundo o IBGE. E o Líbano abriga a maior comunidade brasileira no Oriente Médio, com mais de vinte mil pessoas. A deputada federal Jandira Feghali, vice-presidente do PCdoB, que tem parentes no Líbano, disse que “Israel precisa ser parado antes que provoque uma segunda tragédia humanitária no Oriente Médio.”

Os libaneses, os palestinos, o conjunto dos povos árabes que vieram para cá, deram e seguem aportando grandes contribuições à construção do Brasil. Mais do que necessário e correto, portanto, o posicionamento assertivo do governo brasileiro e das forças democráticas do país de rechaço à guerra, pela paz que começa com o imediato cessar-fogo. É imperativo conter a máquina de guerra israelense, hoje, sob o comando de Nethanyahu que, como disse o presidente Lula, comete o crime de genocídio.