A agonia do Metrô

O inédito e grave acidente ocorrido na última quarta-feira (16), no Metrô de São Paulo, quando o choque de dois […]

O inédito e grave acidente ocorrido na última quarta-feira (16), no Metrô de São Paulo, quando o choque de dois trens feriu 49 usuários, soma-se às outras 30 falhas ocorridas, apenas este ano, no sistema CPTM e Metrô, evidenciando negligência e falta de investimentos que afetam o transporte público paulista.

A colisão, pelo que se tem de informações, foi causada por falha num circuito de sinalização – sensores responsáveis por detectar a distância entre as composições e indicar a desaceleração – que deveria ter sido substituído em 2011. Com a falha do equipamento no acidente de quarta, o trem acelerou ao invés de reduzir e a tragédia não foi maior porque o maquinista freou manualmente.

Só após o choque dos trens é que a direção do Metrô trocou as placas de controle de via da Linha 3 – Vermelha, a que desloca mais passageiros diariamente e funciona acima da capacidade.

O número de usuários desse tipo de transporte tem aumentado nos últimos anos, pela integração com o Bilhete Único e porque mais pessoas estão empregadas e têm condições de utilizar o serviço.

No entanto, a expansão das linhas e os investimentos não têm conseguido seguir o mesmo ritmo – de 2006 para cá os passageiros no Metrô aumentaram 44%. Na contramão do fenômeno, a linha em que ocorreu o acidente recebeu 20% menos recursos em 2011 do que no ano anterior. Mas não foi exclusividade da Linha 3 – Vermelha: no total, o Metrô investiu 32% a menos na comparação dos últimos dois anos (1,7 bi, em 2010; 1,2 bi, em 2011, segundo informações do Portal UOL).

O descompasso fica evidente para o usuário: superlotação, maior tempo de parada entre estações, velocidade dos trens reduzida, falhas nos equipamentos de operação e pequenos incidentes são constantes para quem tem de usar o Metrô diariamente.

Deve-se lembrar ainda que as passagens ficaram mais caras recentemente: em fevereiro de 2012, as tarifas passaram de R$ 2,90 para R$ 3. Ou seja: numa realidade em que aumentam o número de usuários e o valor da viagem, o Metrô paulista não arca com as obrigações de investimento, conseguindo diminui-lo inclusive.

A responsabilidade política primeira, é certo, é do governo do estado, gestor do transporte metroferroviário, mas não quer dizer que os outros entes possam lavar as mãos diante do problema.

Para além de brigas políticas, o que o transporte público de São Paulo necessita é de ação e de junção de esforços das três esferas de governo para garantir sua urgente ampliação, bem como a qualidade e a segurança de serviço tão essencial à maior cidade do país.