Empatar o jogo no campo do adversário é sempre uma vitória. Esta é a primeira impressão do final da VIII Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares – TNP que terminou no último dia 28 de maio, na sede das Nações Unidas, com a participação de 172 Estados Parte.
O acordo assinado nesta segunda-feira (17) entre Brasil, Irã e a Turquia é revestido de dimensões estratégicas, muito maiores do que o próprio tema do acordo. Em um movimento, o Brasil se posicionou em ao menos três das maiores questões da política internacional contemporânea — a crise no Oriente Médio, a reforma do sistema de governança mundial e a regulamentação sobre o uso da energia nuclear. O que despertou a irá do império.
O Brasil se tornou, em 22 e 23 de março, a primeira nação da América do Sul a receber a visita do novo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A agenda do japonês Yukya Amano no país foi dominada por dois temas candentes no debate sobre o cenário internacional — o programa nuclear do Irã e o protocolo adicional do TNP (Tratado de Não-Proliferação).
No último dia 5 de março, o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares completou 40 anos. O debate sobre a questão nuclear — em que o Brasil não é um ator coadjuvante — coloca-se no centro da conjuntura internacional. Iniciamos aqui uma serie de três artigos que buscam contribuir com o debate nas vésperas de mais uma conferência de revisão do TNP.