Teoria & Prática

Palavras como ética e coerência são comuns no mundo político e em setores intelectuais, às vezes, sem que estes segmentos tenham clareza do real significado das mesmas.

Ética não é uma norma de valor absoluto, algo “acima do bem e do mal”. Ética é uma norma de conduta, individual ou coletiva, que se subordina a interesses de classes e que se altera com o tempo.


 


 
Assim, para o escravocrata, era “ético” dispor da vida de outro ou chicoteá-lo por qualquer capricho. Na sociedade capitalista, a “esperteza” e o “vale tudo” são atributos comuns a tal ponto que se apropriar do trabalho alheio é algo normal, logo uma conduta “ética” aceitável.


 



Coerência, por outro lado, nada mais é do que a manutenção reiterada de uma determinada prática, ao longo do tempo. De igual forma, não tem valor absoluto e não é, necessariamente, correta ou incorreta. Um político que adere a todos os governos, pode até ser censurado, mas jamais chamado de incoerente. No sentido inverso será extremamente incoerente aquele que abandona um determinado projeto político que ajudou a construir por causa de dificuldades.


 



A vida tem nos proporcionado muitas oportunidades para aferir esses valores éticos ou coerentes. Alguns pagam um elevado preço por terem prometido o que não poderiam entregar. Outros, a cada momento, têm que mudar o discurso para se justificar.


 



No momento, a direita brasileira trava uma luta sem fronteira contra o governo Lula e seus eventuais avanços. Recorre a tudo no sentido de inviabilizar o governo. O episódio mais recente foi a tentativa de depor o presidente do Senado, sob o argumento de que ele ferira o decoro parlamentar por ter sido flagrado usando um lobista para pagar suas contas.


 



Agora, a Polícia Federal acaba de concluir que o “mensalão” teve início na campanha para governo do atual senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG). A direita, portanto, terá uma grande oportunidade de demonstrar coerência. Basta repetir a prática adotada em relação ao caso Renan Calheiros.

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