Submissos a Tarcísio, deputados aprovam escolas cívico-militares em São Paulo

Votação marcada por forte repressão policial reflete a política reacionária do governador de SP, alinhada com interesses militares e em detrimento da educação pública e democrática

Crédito: Ubes

O dia 21 de maio de 2024 entrará para a história da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) como mais um dia da vergonha. Porque os deputados da base governista, totalmente submissos aos ditames do governador Tarcísio de Freitas aprovaram o projeto que institui as escolas cívico-militares no estado.

Com muita truculência a polícia militar (assim mesmo em minúscula, como merecem) de São Paulo agrediu jovens estudantes que se manifestavam pacificamente contra o projeto na Alesp, chamada de a Casa do Povo. Inclusive com a prisão de sete jovens, entre os detidos, a presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Luiza Martins, num total desrespeito à Constituição, aos direitos humanos e aos direitos de livre manifestação.

Esse programa tem origem no desgoverno de Jair Bolsonaro que acarretou apenas mais problemas para a educação pública no país. Com mentalidade tão reacionária quanto Bolsonaro, Tarcísio se esforça para conquistar a extrema-direita a todo custo em seu projeto de se candidatar à Presidência da República em 2026. Para isso, não mede esforços na direção oposta à democracia e a uma educação voltada para os reais interesses do país e da maioria da população.

Tanto que esse programa, que beneficiava somente os militares, foi abandonado pelo presidente Lula, no sentido de investir na melhoria da educação pública para todas e todos. Basta ver alguns índices dessas escolas implantadas no Paraná, inclusive, com Renato Feder à frente da Secretaria da Educação, esse que agora destrói a educação pública paulista.

A média das escolas cívico-militares no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi 4,6 no Paraná, no ano passado, enquanto a média nas escolas regulares foi 4,9. Em São Paulo as escolas públicas registraram média 5,3.

Além disso, há uma grave injustiça em relação às trabalhadoras e aos trabalhadores da educação porque, em São Paulo um agente escolar recebe R$ 1.878,60 por mês, enquanto os pms que agirão como bedéis receberão R$ 6.034, mais de três vezes superior. Lembrando que o piso salarial das professoras e dos professores no estado é de R$ 5.050.

Assista vídeo com a Professora Francisca denunciando o fascismo de Tarcísio

Mais do que nunca, o caráter fascista do governador Tarcísio transparece quando insufla a violência policial ainda mais contra jovens que se manifestam pacificamente na Alesp, onde deveria ser a Casa do Povo.

Não sossegaremos enquanto toda a sociedade paulista não tiver amplo conhecimento dos prejuízos desse tipo de escola, que vai contra o bom senso e a inteligência, sobrando repressão, discriminação e violência, além de ser uma escola doutrinadora. A nossa luta sempre será por uma escola baseada na inteligência, no amor, no prazer de ensinar e aprender com ampla liberdade.

Professora Francisca é diretora da Secretaria de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, da Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE), secretária de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e diretora da CTB-SP.

__

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor