Soberania ultrajada

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A interferência dos Estados Unidos em países da América Latina ganhou mais um triste episódio protagonizado por lacaios do governo brasileiro. A visita do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo a Roraima como propaganda eleitoral de Trump é uma afronta Constituição Federal e tratados internacionais.

As relações da política externa de Washington com os novos golpes na América Latina ficam cada vez mais evidentes. Aqui no Brasil o golpe que derrubou Dilma Rousseff só foi possível graças a operação Lava-Jato que contou com a colaboração, treinamentos e orientação direta de agentes do FBI. A prisão de Lula em um processo totalmente fraudulento com o único objetivo de tirá-lo da eleição de 2018, consagrou a perseguição política comandada pelo império.

O governo de Jair Bolsonaro, reorientou a política do Itamaraty para um alinhamento automático aos interesses da Casa Branca. Em nome de uma suposta afinidade ideológica – os dois presidentes são fascistas – o governo Bolsonaro vilipendia a soberania nacional para agradar o seu ídolo Trump, que em troca, sequer foi capaz de honrar o compromisso de colocar o Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A destruição da soberania nacional está ainda refletida na sanha entreguista de Bolsonaro, chancelada por generais traidores da pátria que desejam esquartejar as empresas nacionais como a Embraer, Eletrobras, Petrobras, Correios e entrega-las a preço de banana podre para o capital financeiro internacional. Com a ajuda da operação Lava-jato a indústria nacional foi completamente desmantelada abrindo espaço para investidas dos grandes conglomerados financeiros liquidarem com o nosso patrimônio público.

Os vendilhões da pátria não satisfeitos com toda a traição ao povo brasileiro, desejam agora transformar o Brasil em bate pau dos EUA na América do Sul, tendo inclusive oferecido militares brasileiros pagos com dinheiro público para trabalharem no Comando Sul do Exército norte-americano.

O Estados Unidos se encontra com enormes dificuldades internas vivendo uma escalada de protestos violentos, confrontos armados a céu aberto, uma economia em declínio com explosão da miséria e a pior resposta a pandemia do novo coronavírus no mundo.

Tudo isso em meio a um processo eleitoral que poderá decretar a derrota de Donald Trump e seu governo nefasto, sendo assim, como é da tradição imperialista o fetiche bélico aflora nesses tempos e Trump vai em busca de uma guerra para chamar de sua. Vendo que a retórica anti-China não será suficiente para mobilizar a sociedade, Trump elege novamente a Venezuela e o governo Maduro como bola da vez.

Os EUA já castigam o povo venezuelano com embargos econômicos criminosos e não satisfeitos tentaram um golpe de Estado ano passado através de um excêntrico líder que se autoproclamou Presidente, Juan Guaidó. A estratégia não funcionou, já que o golpe não obteve o apoio popular esperado e o governo de Nicolas Maduro se manteve de pé, mesmo diante de investidas de milícias armadas treinadas pelos EUA para desestabilizar o país vizinho.

O Brasil que sempre orientou sua política externa com os princípios de não intervenção e autodeterminação dos povos, apoiou de maneira vergonhosa a tentativa de golpe na Venezuela, retaliou os diplomatas venezuelanos nomeados pelo governo Maduro que estavam em solo brasileiro e se suspeitou de apoio logístico do governo brasileiro para as milícias golpistas.

Agora em mais um episódio de submissão explícita, o Brasil aceita servir de bucha de canhão para os EUA no ataque a soberania do povo venezuelano. Ao dar guarita para Mike Pompeo, o Ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, joga toda a tradição do Itamaraty na lata de lixo. É inadmissível que um Secretário de Estado dos EUA venha em visita ao nosso país desrespeitar a soberania do Brasil e o Art. 4º da Constituição Federal para atacar a Venezuela com ameaças bélicas de derrubada do governo eleito pelo povo.

Os EUA não são donos da América Latina e muito menos vão voltar com a sua Doutrina Monroe por aqui. Os povos latino-americanos estarão unidos na luta anti-imperialista para varrer o fascismo e o neoliberalismo do continente. O Brasil não é um país para servir a interesses de nenhuma outra nação, nossa posição no mundo é de integração entre os países em desenvolvimento já demonstrada no Mercosul, nos BRICS e em outras iniciativas multilaterais.

Esse é o nacionalismo do governo Bolsonaro, o nacionalismo que bate continência para bandeira norte-americana, entrega o patrimônio público brasileiro para especuladores financeiros bilionários enquanto o povo volta para miséria, destrói a indústria nacional e submete o Brasil a política externa comandada pelo seu ídolo Donald Trump, servindo como cão de guarda do imperialismo.

Em defesa da soberania nacional e do povo brasileiro, não aceitaremos ser fantoches do império. Frente ampla nacional contra os senhores da guerra!

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