Quatro pés

Há fatos assim. Um deles, que está ocorrendo agora, é o julgamento no Supremo Tribunal Federal da aceitação ou não da denúncia do procurador geral da República sobre os “40 mensaleiros”. Se houver a aceitação, haverá processo; ela pode ser parcial e não envolver todos os denunciados. Mas o resultado, qualquer que seja, pesará fortemente no desenrolar da política partidária, governamental e oposicionista.

Suponhamos, por exemplo, a não aceitação da denúncia. De imediato, o mais vistoso dos acusados, José Dirceu, readquirirá um status político ímpar: no seu partido político, na opinião pública e no Congresso e em geral na cena política.

Um outro acontecimento que está em curso (e este quase ninguém acompanha, a não ser os diretamente interessados e os especialistas) é o congresso do PT, no qual se discutem respostas a três questões: que país os militantes do PT querem, que socialismo deve existir no Brasil e que PT deve ser construído para tanto. As respostas a essas perguntas têm envolvido muitas discussões dos dirigentes e dos militantes e determinarão não só o ritmo de renovação das direções partidárias como também os padrões do partido governista em suas alianças para o futuro.

Ainda no terreno das informações sobre coisas futuras, duas ordens de fatores na esfera econômica: qual o potencial de crescimento da economia brasileira neste segundo semestre (levando-se em conta os crescimentos espetaculares ocorridos no primeiro semestre) e, em particular qual o potencial de arranque do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC e finalmente qual a gravidade e duração da crise dos mercados financeiros mundiais (desencadeada pelo irracional e irresponsável mercado hipotecário estadunidense) e qual sua verdadeira influência nos mercados financeiros brasileiros.

A bola de cristal da política passa, pois, a se apoiar em quatro pés.