Os partidos e o governo de frente ampla
Aos partidos políticos mais comprometidos com a essência da reconstrução nacional, cabe o empenho de todas as formas para o êxito do governo
Publicado 09/03/2023 11:12 | Editado 10/03/2023 08:00

Nada é simples na luta política, sobretudo quando se pretende transformar a sociedade levando-a a um patamar superior.
No Brasil, mais ainda — não apenas pela complexa e instável conformação social e política, como pela fragilidade e dispersão da representação partidária.
Como agora, em que as expectativas da nação estão voltadas para a possibilidade de êxito do governo de frente amplíssima liderado por Lula.
Em torno de cada questão relevante, complexo jogo de forças.
Na oposição, a extrema direita negacionista em toda linha.
No seio do governo e da sua base social de sustentação, diferenciadas posições sobre uma mesma questão. Pois o conflito entre o novo que pretende avançar e o velho, que resiste postulando mudanças apenas moderadas, ocorre a todo instante.
Leia também: Apoio à democracia cresceu após vitória de Lula, diz pesquisa
Por sua vez, dentre os segmentos sociais que se organizam de diversas formas para reivindicar posturas e posições, nem sempre há absoluta convergência em relação às proposições oriundas do governo.
Natural e benéfico que assim seja.
Essas aparentes dissensões traduzem, em última instância, embates de interesses de classes e de segmentos de classes. Bem compreendidas, contribuem para a formação de uma consciência social politicamente avançada.
Aos partidos políticos mais comprometidos com a essência da reconstrução nacional, cabe o empenho de todas as formas para o êxito do governo, preservando, contudo, a sua distinção institucional. Governo é governo; partido é partido.
O PCdoB formulou isso muito bem em sua 9⁰ Conferência Nacional, em junho de 2003, no início do primeiro governo Lula – do qual participou, como agora, no primeiro escalão e como aliado de primeira hora – ao adotar uma postura tática “propositiva e ao mesmo tempo crítica”.
Na prática, nos dois governos Lula e no período de Dilma Rousseff, o PCdoB deu relevante contribuição em diferentes ministérios e em níveis administrativos intermediários, sem, contudo, na sua missão específica de partido político de posição programática própria, abrir mão da crítica toda vez que julgou necessário. Em relação à política macroeconômica, por exemplo.
Discrepâncias perfeitamente compreensíveis e capituladas no saudável ambiente de distinção entre partidos e governo.