O velho e o novo na campanha eleitoral
Reflexão sobre estratégias eleitorais tradicionais e inovadoras, destacando a importância da comunicação consciente e afetiva para mobilizar o eleitorado em tempos de desafios
Publicado 04/07/2024 12:19
Já é pré-campanha e tem muita gente que ainda não se deu conta de que há algo de novo no front.
Pois há os que se rendem lamentavelmente à busca do “voto de favor”, entremeado com o que podemos condescendentemente chamar de “monetarização”; e os que simplesmente reproduzem a fala instantânea, fragmentada e superficial das redes sociais, em tom doutrinário.
Nada contra o bom uso das redes sociais. A comunicação digital substitui, em grande medida, o panfleto e o cartaz de campanhas passadas.
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça; é preciso ter gana sempre; quem traz no corpo a marca… da consciência e do afeto.
Um exemplo marcante é a poeta vereadora Cida Pedrosa, no Recife.
Ela própria, por sua trajetória de vida, traz no olhar a marca da dor e da alegria, do sofrimento e da esperança.
Através da poesia e do gesto, põe a própria alma no exercício do mandato e no diálogo com as pessoas.
Cida é uma demonstração viva de que é possível, e mais do que nunca necessário, uma espécie de “fusão” consciente e afetiva com o povo.
Tudo a ver com o cenário macro da luta política no Brasil atual!
Tomemos como referência o governo Lula, empenhado na agenda da reconstrução nacional, mas manietado por toda sorte de resistências e boicotes, sobretudo no parlamento e no complexo midiático que monopoliza a comunicação no país.
Por mais decidido que seja o presidente, e é, e quase infinita a sua flexibilidade no sentido de agregar forças do campo conservador para alcançar a maioria parlamentar indispensável à governança, os resultados ainda são muito aquém do que objetivamente o povo e a nação necessitam.
Falta a variável mobilização popular, ampla e consciente — que pode ser alcançada mediante a articulação entre o bom uso das redes sociais com a abordagem direta das pessoas nos ambientes onde trabalham, estudam e sobrevivem.
E a campanha eleitoral, que está prestes a se desencadear, se apresenta como oportunidade privilegiada para a busca desse duplo exercício – dito de um modo simplificado – do Instagram, do Facebook e do Tik Tok ao contato direto com as pessoas.
Sobretudo por candidaturas às Câmaras Municipais, do PCdoB e demais partidos do campo popular.
Ainda tomando como exemplo Cida, basta ir ao Instagram da Cida Pedrosa para constatar uma ação parlamentar intensa, na tribuna e nas ruas, traduzida em conteúdos e atitudes que, a um só tempo, esclarecem, mobilizam e unem.
Na campanha propriamente dita, o desafio será ampliar o volume e a visibilidade desse trabalho.
No que tange ao envolvimento o mais amplo possível de militantes partidários, ativistas e apoiadores significa “desinstalar” muita gente envolta numa espécie de área de conforto, onde se supõe que apenas com o smartphone à mão é possível fazer a boa campanha.
Que se faça bom uso do smartphone, sobretudo na chamada conversa bilateral mediante a facilidade do WhatsApp, de preferência em áudio e vídeo; mas que se intensifique também o diálogo — como diz a canção — “olhos nos olhos”.
Pois que a cada conjuntura política — e hoje vivemos uma conjuntura marcada por imensas dificuldades subjetivas, na esteira da onda ultraconservadora encetada pela extrema direita — surgem novas formas de luta e de organização, como já advertia Lenin na passagem do século XIX ao século XX.
Agora estamos desafiados a repetir mais uma vez parte do que sempre fizemos em campanhas passadas e nos parece ainda útil, e, ao mesmo tempo, a inovar na abordagem do eleitor no tempo presente.
O que estimula, renova e entusiasma a ação militante, tanto das novas gerações como dos que pelejam há décadas e seguem experimentando a militância cotidiana como fonte permanente de consciência política, solidariedade humana e felicidade pessoal.